O deputado do CDS-PP, Hélder Amaral, desvalorizou as denúncias da Associação Sindical dos Funcionários da ASAE (ASF-ASAE) sobre casos em que os inspetores foram impedidos de fiscalizar feiras visitadas por governantes, alegando que têm “marca partidária”.

O deputado centrista criticou o presidente da ASF-ASAE, que está hoje a ser ouvido na Comissão de Economia e Obras Públicas, por não apresentar dados concretos sobre as situações denunciadas e desvalorizou o facto de terem sido retiradas brigadas de eventos que estavam a ser visitados por membros do Governo.

“Não me parece que seja necessário levantar esses casos como se fosse de interferência política, de lesa-pátria”, salientou Hélder Amaral, destacando que “feiras altamente mediatizadas” como a Ovibeja podem ser inspecionadas em qualquer outro dia.

Confrontou ainda o presidente da ASF-ASAE com o relatório da secretaria-geral do Ministério da Economia que concluiu que “não existe qualquer lista VIP” na Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE), nem “qualquer instrumento que implique um tratamento diferenciado na atuação” da inspeção económica, e alegou que “esta denúncia da lista VIP tem marca partidária”.

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Na resposta a Hélder Amaral, o presidente da ASF-ASAE, Albuquerque Amaral, lamentou que as denúncias tenham “incomodado o CDS-PP, que manda na ASAE” e garantiu a independência.

“Se tenho ligações políticas, diga-me quais são, porque eu não sei quais são”, contrapôs, frisando que a associação sindical falou numa lista VIP “em abstrato”.

Albuquerque Amaral sublinhou ainda que as denúncias continham factos e locais e que tudo o resto, nomeadamente, de quem partiu a ordem de retirada das brigadas das feiras deveria constar do relatório.

O sindicalista reafirmou que se passaram situações “de favor”, incluindo uma reunião de um membro do Governo com um operador económico que envolveu também altos quadros da ASAE, retirada de uma brigada especializada em inspeções às indústrias de uma cooperativa de laticínios e a retirada de inspetores de certames em Portalegre e Beja, devido à visita de governantes.

Colocou também algumas dúvidas sobre o relatório oficial – de que não foi dado conhecimento à ASF-ASAE – por ter sido produzido pelo próprio ministério da Economia, revelando “alguma falta de isenção”.