Estão dispostos a investir em produtos com maior perfil de risco e 70% acredita que o volume de transações do mercado imobiliário português vai atingir 1,2 mil milhões de euros em 2015, mais 33% do que em 2014, dizem os investidores consultados para o barómetro promovido pela primeira vez pela consultora JLL e pela construtora de índices MSCI.

As operações que envolveram o mercado imobiliário atingiram 800 milhões de euros no primeiro semestre, mas a maioria dos investidores inquiridos está confiante de que a esta quantia se vão somar mais 400 milhões até janeiro. E há quem esteja mais otimista: 20% dos investidores espera mesmo que o valor total do ano atinja 1,6 mil milhões de euros. As perspetivas apontam para que 85% deste investimento chegue do estrangeiro.

Metade dos inquiridos está disposto a assumir maior risco nas suas estratégias de investimento – 25% admite investir em ativos por reestruturar e 24% em desocupados – o que reflete uma maior confiança no mercado e na própria evolução da economia, lê-se. O mercado de investimento imobiliário atingiu 900 milhões de euros em 2014.

“Os mercados ocupacionais estão em franca recuperação, principalmente nos escritórios e no retalho, assim como a economia, o que tem levado a um forte crescimento do investimento. A perceção dos investidores é que se deverá crescer nos principais indicadores, o que somado à dimensão do mercado e à escassez que já começa a sentir-se nos produtos prime, tem levado a estratégias de investimento com maior perfil de risco”, diz Pedro Lencastre, diretor-geral da JLL Portugal.

Contudo, 28% dos investidores continua a preferir alocar o seu capital em ativos de renda garantida. Na base da preferência pelos ativos com maior risco estão a dimensão reduzida do mercado português, a escassez de produto disponível e as boas perspetivas económicas. Mas nem tudo muda: os escritórios no Prime CBD de Lisboa e Parque das Nações, bem como o comércio de rua, mantêm-se na lista de preferências dos investidores.

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De acordo com os resultados do barómetro, os investidores consideram que a recuperação se vai manter nos setores de escritórios e retalho, mas que o imobiliário logístico também vai começar a refletir os efeitos da retoma económica. Mais : 75% dos inquiridos espera que as rendas dos espaços de retalho aumentem quer nos centros comerciais quer no comércio de rua, porque também antecipam maior afluência aos centros comerciais (83%), do volume de negócio dos comerciantes (83%) e do consumo (75%).

Mas as dificuldades persistem. Pedro Lancastre explica que apesar dos sinais de recuperação, ainda existem dificuldades na hora de investir, sobretudo “a diferença de expectativas entre o comprador e vendedor, a escassez de produto e as limitações do financiamento bancário”.

“Os investidores internacionais mais ativos, que tendencialmente realizam operações de maior dimensão com financiamento ‘local’, encontram os bancos ‘locais’ ainda sem plenas condições para o fazer. É preciso, por isso, ter soluções para contornarmos estas dificuldades, de modo a fazer crescer ainda mais o investimento”, diz Pedro Lancastre.