O economista e consultor da administração do Banco de Portugal, Mário Centeno, vai dedicar-se a tempo inteiro ao mandato de deputado, abdicando das suas funções na instituição liderada por Carlos Costa.

A execução cabal de qualquer das duas funções apenas é compatível com uma dedicação completa“, afirmou ao Observador o economista que é candidato a deputado nas listas do PS por Lisboa. “Todos os processos de candidatura em que eu me envolvi foram sempre levados a sério e assumidos até às últimas consequências. Assim a candidatura numa lista à Assembleia da República apenas tem como objetivo vencer as eleições e assumir a função de deputado“.

Para Mário Centeno, que é também professor de economia do trabalho no ISEG, será um interregno na instituição com que colabora desde 2004, primeiro como adjunto do departamento de Estudos Económicos e, desde 2014, como consultor da administração.

Até ao momento em que for eleito, Centeno mantém a sua carreira profissional sem alterações. “A minha carreira profissional já existia antes desta decisão e assim se vai manter. Neste momento estou apenas a exercer o meu direito cívico de candidatura a um cargo político eleito“, diz o responsável pelo cenário macroeconómico do PS.

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Mário Centeno não será o primeiro alto quadro do Banco de Portugal a exercer funções de deputado. Octávio Teixeira, ex-líder parlamentar do PCP, e Manuela Ferreira Leite, ex-presidente do PSD, são outros exemplos. O deputado do PCP esteve em São Bento 22 anos, deixou o Parlamento em 2001 e voltou ao Banco de Portugal (técnico consultor do Departamento de Supervisão Bancária), aos 57 anos, depois de um longo período dedicado à política.

Manuela Ferreira Leite, por sua vez, entrou para o Banco de Portugal em 1977 e aí permaneceu até 1990, quando foi convidada por Cavaco Silva para secretária de Estado do Orçamento do XI Governo, em 1990. Mas nunca perdeu o vínculo ao Banco de Portugal. Tanto Teixeira como Ferreira Leite têm pensão de reforma daquela instituição.

“A candidatura a cargos de natureza eletiva, como é o de deputado da Assembleia da República, está prevista e devidamente enquadrada na lei. Caso um colaborador do Banco de Portugal venha a integrar as listas de candidatos, nas próximas eleições legislativas, a deputado à Assembleia da República, dar-se-á integral cumprimento ao que determinar a lei aplicável”, respondeu ao Observador fonte oficial do Banco de Portugal.

* atualizado com informação do Banco de Portugal