Durante um encontro com presidentes da câmara e governadores no Vaticano, o Papa Francisco apelou às Nações Unidas para que tomassem uma posição em relação às alterações climatéricas e disse ter “grandes esperanças” de que se irá chegar a um entendimento durante a cimeira do clima, que se irá realizar em Paris no final do ano.

“Tenho uma grande esperança no encontro de Paris. Tenho esperanças de que seja conseguido um acordo. As Nações Unidas precisam de tomar uma posição em relação a isto”, disse Francisco.

No encontro, organizado pelo Vaticano esta terça-feira, estiveram presentes presidentes da câmara e governadores de algumas das maiores cidades do mundo, incluindo Bill Blasio, de Nova Iorque, Goerge Ferguson, de Bristol, e Gustavo Pedro, de Bogotá, refere o Guardian. A reunião teve como tema os desafios ambientais, as mudanças climáticas e a sua contribuição para a atual crise humanitária, para a migração e para a escravatura moderna.

O Vaticano defende que as mudanças climáticas são uma das causas da pobreza e, consequentemente, da migração. No encontro, o Papa disse esperar que a cimeira de Paris se foque essencialmente nestes temas, e na forma como as mudanças climatéricas afetam o tráfico humano.

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Notou contudo, citado pela Rádio Vaticano, que “a Sua Encíclica não é uma ‘encíclica verde’, mas, uma ‘encíclica social’, porque, dentro dela, da vida social do homem, não podemos separar o cuidado com o ambiente. Mais ainda, o problema do ambiente é uma atitude social, que nos socializa”.

“As Nações Unidas precisam de tomar uma posição em relação a este assunto, principalmente em relação ao tráfico humano, um problema que foi criado pelas mudanças climatérica”, disse Francisco dirigindo-se aos presidentes da câmara presentes.

Na mesma reunião, Francisco criticou ainda o desemprego nos jovens e lamentou que a situação esteja a fazer com que estes tenham uma vida “sem sentido”. “Se projetarmos isto no futuro, para que horizonte podem eles olhar? Alguns envolvem-se em atividades de guerrilha, de modo a encontrarem algum sentido para as suas vidas. E a sua saúde também é prejudicada”, referiu o Papa.

O Papa dirigiu ainda críticas ao crescimento do mercado negro e ao trabalho sem contrato, que pode conduzir à pobreza e aos vícios. Por fim, Francisco apelou aos presidentes da câmara presentes para que incentivem o debate sobre o ambiente, dizendo que as verdadeiras mudanças têm de emergir das periferias para que sejam eficazes e que não podem ser impostas através de decisões “vindas de cima”.

No mês passado, o Papa Francisco dedicou uma encíclica papal à ecologia e às alterações climáticas. No documento dedicado aos bispos e fiéis, defendeu uma “diminuição drástica” das emissões de carbono e a necessidade de adotar uma política ambiental mais eficaz, de modo a superar os interesses económicos de certos grupos.

Na reunião desta segunda-feira, Francisco sublinhou, referindo-se ao conteúdo da Encíclica, que “cuidar do ambiente significa uma atitude de ecologia humana. Já não podemos dizer a pessoa está aqui, e a Criação e o ambiente estão ali”.

“A ecologia é total, é humana. Foi o que eu quis expressar na Encíclica Laudato si. Que não se pode separar o homem do resto. Existe uma relação de incidência mútua. Seja do ambiente sobre a pessoa, seja da pessoa no modo como trata o ambiente.”