O presidente da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) defendeu hoje que é o momento de as empresas portuguesas “dizerem presente” a Angola, como aconteceu por parte dos investidores angolanos durante o ajustamento português.
Miguel Frasquilho falava à agência Lusa à margem da visita que está a realizar à capital angolana, no âmbito da Feira Internacional de Luanda (Filda), que conta com 95 empresas e expositores portugueses, o maior contingente nacional, 25 dos quais presentes pela primeira vez na maior bolsa de negócios de Angola, apesar das dificuldades económicas no país africano.
“O dinamismo mantém-se e os empresários, numa altura em que se poderia de alguma forma questionar as relações entre os dois países, dizem presente, apesar das dificuldades que são conhecidas, de parte a parte”, explicou o presidente da AICEP.
A crise decorrente da quebra das receitas fiscais angolanas com a exportação de petróleo, devido à cotação internacional fortemente em baixa do barril de crude, levou o Governo de Luanda a cortar um terço de todo o investimento público, desencadeando ainda atrasos nos pagamentos e nas transferências internacionais, segundo relatos dos empresários, nos últimos meses.
Em simultâneo, o Governo angolano tenta captar investimento privado para o país, nomeadamente para promover a industrialização e o emprego, reduzindo os gastos com importações.
Mais de 9.400 empresas portuguesas exportam para Angola, sendo que metade tem no mercado angolano o único destino internacional dos seus produtos.
Miguel Frasquilho defendeu que as “relações económicas continuam a ser fortes” e que Portugal e Angola “continuam a estar juntos”, aludindo ao processo de ajustamento das contas públicas portuguesas que decorreu entre até 2014.
Nesse período, recordou, as relações comerciais entre os dois países aumentaram 90 por cento, com Portugal a reforçar a liderança dos destinos das compras angolanas ao estrangeiro, apesar de a crise angolana já ter tirado mais de 20% a esse volume, entre janeiro e maio, face a 2014.
“Angola disse presente numa altura em que Portugal também precisava de ultrapassar a crise. Hoje sabemos que a economia angolana vive um momento que é menos bom, vamos dizer assim, e é a altura de os empresários portugueses também dizerem presente”, apontou.
Ainda assim, e face ao interesse que os empresários portugueses continuam a demonstrar no mercado angolano, o presidente da AICEP prevê “uma inversão” destas quebras nas vendas para Angola “a breve trecho”.
“As empresas portuguesas estão a sentir [a crise em Angola] numa proporção menor do que outros países que também são parceiros comerciais de Angola”, concluiu Frasquilho.
Também o vice-primeiro-ministro português estará na capital angolana a 23 de julho, no âmbito da Filda, para participar no dia dedicado pelo certame ao país.
Paulo Portas repete a presença na maior feira angolana intersetorial, nas atuais funções, depois da visita de 2014, tendo então sido recebido em Luanda pelo Presidente da República, José Eduardo dos Santos.
Esta edição da Filda, que acontece nos 40 anos da independência angolana, conta com 800 expositores, de 40 países, tendo como tema o “Dinamismo, criatividade e competência na produção”, bem como a necessidade da diversificação e industrialização da economia nacional.