António Tomás Correia não consta da lista para o conselho geral e de supervisão da caixa económica. O atual presidente do Montepio chegou a ser apontado como presidente do conselho geral de supervisão, mas o seu nome surge apenas indicado para a presidência do comité de avaliação, no quadro do novo modelo de governo da instituição. Álvaro Pinto Correia é proposto para presidente do conselho geral e de supervisão. O ex-secretário de Estado deste governo, Fernando Santo, é um dos nomes indicados para a administração executiva.

Em declarações ao Observador, António Tomás Correia diz que a decisão de não ficar no conselho geral e de supervisão foi “uma decisão pessoal”. Tomás Correia acrescenta que não tem grande apreço pelo novo modelo de governo, com conselho de administração e conselho geral de supervisão, invocando casos na banca em que este modelo dualista não correu bem. O caso mais conhecido é do BCP, quando o fundador Jardim Gonçalves assumiu a liderança do conselho geral e de supervisão, com Paulo Teixeira Pinto na presidência executiva.

O ainda presidente do Montepio vai continuar a liderar a associação mutualista que é acionista da caixa económica e pretende recandidatar-se a um novo mandato.

A Assembleia Geral Extraordinária do Montepio foi convocada para dia 5 de agosto, onde vão ser votados os nomes dos novos órgãos sociais, que resultam do novo modelo de governo que reforça a independência da gestão executiva executiva do banco em relação à associação mutualista que é acionista. Para presidente do Conselho Geral e de Supervisão é indicado o nome de Álvaro Pinto Correia, que foi presidente da Sofid e atualmente está à frente da Fundação Cidade de Lisboa, e era já membro do atual conselho geral e de supervisão da caixa económica. Pinto Correia esteve na administração da Caixa Geral de Depósitos, onde esteve também Tomás Correia, e liderou a seguradora Fidelidade e já desempenhou vários cargos no setor segurador, incluindo no regulador.

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Para presidente de Conselho de Administração Executivo mantém-se o nome de José Manuel Félix Morgado, que era presidente executivo da Inapa, empresa onde Pinto Correia era presidente não executivo. Os outros nomes são João Cunha Neves, que já estava na administração do banco, Luís Gabriel Almeida, João Lopes Raimundo, Luís Resende de Jesus, José Pinto Bravo, que também vem da Inapa, e Fernando Santo, que foi secretário de Estado deste governo com a tutela dos equipamentos da justiça, tendo sido ainda bastonário da Ordem dos Engenheiros.

Os novos titulares terão de passar no crivo do Banco de Portugal que terá de avaliar a sua idoneidade para o desempenho de funções no setor bancário. A avaliação aos órgãos Montepio será o primeiro teste aos poderes reforçados do regulador nesta área.

O Montepio tem sido alvo de várias notícias negativas e suspeitas de operações e procedimentos que estariam a ser alvo de investigações dos reguladores. A atual administração já denunciou publicamente a existência de uma campanha “tóxica” contra a instituição que faz 175 anos.

O vazio de regulação na atividade mutualista, para o qual alertaram os reguladores financeiros, reforçou este ambiente negativo para o Montepio. O governo estava a preparar legislação sobre a matéria, colocando o setor mutualista debaixo da supervisão da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões. Esta semana foi aprovado o diploma que revê as regras para as caixas económicas, apertando a supervisão financeira sobre as instituições de maior dimensão, como o Montepio, que fica equiparado a um banco para efeitos de regulação por parte do Banco de Portugal.

Corrigido com indicação de Tomás Correia está indicado para liderar o comité de avaliação do Montepio.