Vikas Shah era adolescente quando lançou a primeira empresa – tinha 14 anos e uma paixão pela internet. Nunca lhe passou pela cabeça que o fascínio se transformasse em negócio, mas transformou — “e foi uma aventura”. A única coisa que o atual diretor do grupo britânico de têxtil Swiscot queria era ganhar “uns trocos” para ter aulas de voo. Os trocos deram lugar a milhões.

“Estaria a mentir se dissesse que, naquela altura, tinha uma grande visão sobre a explosão da internet e que saberia que viria aí uma oportunidade de negócio maciça. Estava apenas muito apaixonado pelo que estava a fazer e tive a sorte de isso ter-se tornado num negócio. E foi uma aventura”, explicou Vikas Shah ao Observador.

A “sorte” fez com que agarrasse no telefone, começasse a fazer telefonemas e insistisse com as pessoas. Foi assim que o negócio cresceu, conta. Foi assim que Vikas Shah se viu no meio da bolha dotcom, que assolou as empresas ligadas à internet no início dos anos 2000. “Teve um efeito enorme em mim, a nível financeiro e emocional. E eu cheguei a equacionar deixar o empreendedorismo de vez para começar uma nova carreira”, disse.

Aprendeu uma das maiores lições da sua vida: o quão importante é para um empreendedor gerir a sua saúde física e mental, porque é isso que vai torná-lo resiliente, explicou. Em 2008, lançou o blogue Thought Economics, para o qual já entrevistou nomes sonantes como o do astronauta Buzz Aldrin, o do empreendedor milionário Richard Branson, do criador da Wikipedia Jimmy Wales ou do Nobel da Paz, Muhammad Yunus.

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Em Portugal, é professor de Empreendedorismo no The Lisbon MBA. Quando o Observador lhe pergunta qual tem sido a principal mensagem que tem passado aos estudantes portugueses, diz que deveriam tirar partido do “apreço” que o mundo tem por Portugal.

“Aquilo que encontro todos os anos é que há muitas pessoas que pensam muito localmente, em como podem ter sucesso em Portugal. Eu lembro sempre as pessoas de que o mundo é vasto e rico – e que têm uma grande oportunidade para irem lá para fora e mudá-lo. Portugal é tido em tão em boa conta pelo mundo fora e há tantos países a gostarem dos portugueses. Isso é uma grande vantagem

“, disse.

Além de professor e empreendedor, Vikas Shah é copresidente do The Indus Entrepreneurs, uma rede de empresários da diáspora indiana. Ao Observador, diz que pensa “genuinamente” que Portugal tem um dos ecossistemas de empreendedorismo com o maior sucesso que já viu. “E ao longo dos anos já viajei por muitos hotspots“, sublinha.

Destaca as incubadoras, que são “das melhores do mundo”, os empreendedores “talentosos” e o “compromisso” que o Governo tem com a causa. “O meu desejo é que mais investidores e empresas internacionais olhem para o país como uma base com potencial, porque seria muito importante. E, vejamos, quem não gostaria de tomar decisões de investimento a beber um maravilhoso vinho português numa praia em Cascais?”

Na entrevista que Vikas Shah fez a Richard Branson, o fundador da Virgin Group disse que a razão para se começar um negócio não deveria ser “fazer dinheiro”. E o pai do microcrédito, Muhammad Yunus, acrescentou que o empreendedor deve recuperar o investimento, mas não retirar dividendos depois. Quando o Observador lhe perguntou o que pensava sobre isto, respondeu que “se a ideia for suficientemente boa, o dinheiro aparece” e que, “quando o dinheiro aparece, não existe uma forma certa ou errada de lidar com ele”.