Isabel Coutinho, presidente do Departamento Nacional das Mulheres Socialistas e ex-membro do Secretariado Nacional de Seguro, decidiu bater com a porta, depois de ter entrado em rota de colisão com António Costa. Na quarta-feira, a socialista já tinha dado a entender que deixaria a direção da organização por não concordar com a exclusão de membros do Departamento na quota nacional das listas de deputadas à Assembleia. Mas agora é oficial: Coutinho sai, por não encontrar “neste momento e mediante o desrespeito demonstrado, qualquer sentido para manter a liderança”.

“Demito-me não por sentir não mais ter o apoio e reconhecimento da maioria das mulheres que integram o Departamento, mas sim por não ter sido este órgão merecedor do necessário respeito institucional por parte do Secretário-Geral, situação que inequivocamente me impede de poder continuar a exercer as funções que me foram conferidas pelas militantes”, pode ler-se no pedido de demissão assinado por Isabel Coutinho.

No comunicado divulgado na quarta-feira, Isabel Coutinho descrevia a exclusão das Mulheres Socialistas como “uma enorme nódoa para o PS” e não poupava críticas a António Costa que acusava de estar a liderar um “ataque aos princípios socialistas e republicanos”. Tudo porque o Departamento tinha manifestado o apoio a António José Seguro durante as primárias socialistas.

Ora, esta quinta-feira, Isabel Coutinho volta a denunciar aquilo que acredita ter sido um “ataque imoral à legitimidade [e autonomia] do órgão”. “As mulheres mereciam bem melhor. Não posso, nem quero, ser parte de um projeto político que entende ser aceitável que órgãos eleitos, que têm trabalhado de forma leal e empenhada, sejam ignorados e desrespeitados por viverem a sua militância de forma livre”.

No fim, a líder demissionária das Mulheres Socialistas ainda acrescenta: “Demito-me, nas atuais circunstâncias, por entender ser esta a única solução, criando assim condições para que possa o Secretário-Geral ter uma Presidente mais do seu agrado e que melhor sirva os seus propósitos”.

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