O secretário de Estado Adjunto da Economia apresentou esta quarta-feira aos empresários da Terceira 10 propostas de mitigação do impacto da redução militar na base das Lajes, mas salientou que a sua implementação tem de partir do Governo Regional.

“Nós entendemos que essas possam ser prioridades, mas caberá ao Governo da Região Autónoma dos Açores, se assim o entender e quando o entender, optar por estas estratégias”, salientou Leonardo Mathias, na apresentação de um estudo desenvolvido por um grupo de trabalho composto por vários ministros e pelo vice-presidente do Governo Regional dos Açores.

O secretário de Estado considerou que a economia da ilha Terceira precisa de um “choque elétrico”, alegando que o problema não passa apenas pela base das Lajes, mas sublinhou que não é “uma mala de dinheiro” que resolve o problema.

O estudo só estará concluído em “meados de agosto”, altura em que o secretário de Estado espera que Governo Regional já tenha identificado as propostas que pretende seguir e de que forma.

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O Governo está disposto a negociar em Bruxelas a reprogramação de fundos comunitários para os Açores e até a encontrar outras soluções que não passem por fundos da União Europeia, mas para isso o executivo açoriano tem de “assim o entender” e de apresentar “projetos claros e estratégicos”.

As principais orientações do trabalho já tinham sido anunciadas, como a vinda de companhias aéreas de baixo custo para a ilha Terceira, cujas negociações, segundo Leonardo Mathias, já foram “formalizadas” pelo ministro da Economia junto do Turismo de Portugal.

Outra medida já anunciada foi a negociação em Bruxelas de um regime fiscal excecional para uma atividade específica no Porto da Praia da Vitória, que terá de ser identificada também pelo executivo açoriano.

O secretário de Estado propôs ainda como medidas de curto prazo o apoio futuro dos trabalhadores da base das Lajes, a dinamização do uso do imobiliário deixado vago pelos norte-americanos e a promoção da ilha Terceira junto de investidores externos.

A longo prazo, Leonardo Mathias defendeu a afirmação do turismo como setor de crescimento, a canalização de investimentos para a pesca e sobretudo para a aquacultura, a transformação do setor agropecuário, valorizando produtos como a carne, as flores e o vinho, e a implementação de uma cultura de empreendedorismo.

Em termos do impacto económico que a redução da presença militar norte-americana terá na ilha Terceira, o estudo aponta para uma perda de 47 milhões de euros anuais (excluindo um passivo ambiental de 1.500 milhões de euros), o que é semelhante aos estudos anteriormente apresentados pelo Governo Regional (50ME), pela Universidade dos Açores (49ME) e pelos próprios norte-americanos (44ME).

No entanto, Leonardo Mathias realçou que o estudo foi baseado num “modelo económico transparente e profundo”, que apresentou uma “visão diferente” dos outros estudos do ponto de vista macroeconómico, técnico e académico, porque foi “até ao detalhe”.

Alguns empresários na plateia alegaram que o estudo não apresentava novidades, reivindicando a tomada de medidas concretas, sobretudo no que se refere à melhoria de condições de transporte de carga, mas o secretário de Estado reiterou que essa matéria é da competência do executivo açoriano.

“Se eu fosse terceirense, quantos mais estudos tivesse melhor era. São indicados trabalhos, são indicadas áreas específicas, muitas delas constantes de outros estudos, muitas delas constantes do PREIT [Plano de Revitalização da Ilha Terceira]. Este estudo não crítica outros, complementa outros e propõe soluções de uma forma voluntária, de uma forma séria e empenhada”, frisou, em declarações aos jornalistas.

Leonardo Mathias destacou por várias vezes o “empenhamento” do Governo em trabalhar com o executivo açoriano e o ambiente “construtivo” verificado nas reuniões pelas duas partes, mas na cerimónia não esteve presente um único membro do Governo Regional, nem o presidente, que se fez representar por uma vogal da Sociedade para o Desenvolvimento Empresarial dos Açores (SDEA).

O secretário de Estado desvalorizou, ainda assim, a ausência de membros do executivo açoriano, alegando que não estiveram presentes por motivos de agenda.

Por sua vez, Lara Martinho, vogal da SDEA, destacou o facto de o estudo espelhar medidas do PREIT, apresentado pelo Governo Regional, e de reconfirmar a importância de os Estados Unidos assumirem a sua responsabilidade na descontaminação de solos na Praia da Vitória.