É, a todos os níveis, uma viagem especial. A poucos dias de completar 54º aniversário e 28 anos depois de ter aterrado em Nairobi para conhecer o país de origem do pai, Barack Obama visita pela primeira vez o Quénia enquanto Presidente dos Estados Unidos da América.

À chegada ao Aeroporto Internacional Jomo Kenyatta, o líder norte-americano tinha à sua espera o Presidente do Quénia, Uhuru Kenyatta, e o abraço da meia-irmã Auma Obama. Chega para participar na cimeira do empreendedorismo e para discutir com o homólogo queniano questões económicas e de segurança. Na bagagem, traz também a esperança de conseguir compromissos sérios para a proteção dos direitos humanos naquele país africano.

Mas a visita de Obama é muito mais do que isso. É o regresso do “filho do Quénia”, como lhe chamou Mama Sarah, a terceira mulher do avô paterno, a quem Barack se habituou a chamar avó. No entanto, e ao contrário do que aconteceu quando visitou o país pela primeira vez em 1987, desta vez não vai poder dormir na casa da família, na vila de Kogelo, no oeste do país. As fortes medidas de segurança assim o exigem. Basta ver que quando o Air Force One estava prestes a aterrar pelas 20h00 locais (18h00 em Lisboa) todo o tráfego aéreo foi interrompido. E nos dois dias da visita oficial, parte da capital vai ficar isolada.

Na memória dos quenianos está ainda o fantasma dos recentes ataques terroristas, perpetrados pelos islamitas somalis ‘shebab’, filiados na Al-Qaeda – em 2013, organizaram um ataque no centro comercial Westgate em Nairobi que vitimou 67 pessoas; já este ano, em abril, foram eles os responsáveis pelo massacre na universidade de Garissa (nordeste), que custou a vida a 148 pessoas.

Na quarta-feira, o comandante da polícia de Nairobi, Benson Kibue, revelou à agência de notícias francesa AFP que 10 mil polícias quenianos – quase um quarto dos efetivos do país – estavam a ser deslocados para a cidade, ao mesmo tempo que chegavam centenas de agentes secretos norte-americanos à capital. Abdullahi Halakhe, especialista em questões de segurança naquela região, resumia bem o estado de alerta que atravessa o Quénia. “O nível de segurança é sufocante”, disse, citado pela AFP. Richard Tutah, também ele especialista em segurança, acrescentava: “O Presidente americano é um alvo muito importante, um atentado ou mesmo uma tentativa, daria visibilidade à Shabab”. A luta contra o terrorismo será, por isso mesmo, um dos pontos centrais dos encontros entre Obama e Uhuru Kenyatta.

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