Os países fundadores da zona euro não têm assistido a uma convergência real desde o lançamento da moeda única, ao contrário daquilo que se esperava inicialmente, segundo um artigo publicado pelo Banco Central Europeu (BCE).

“Ainda que tenha havido convergência real na União Europeia como um todo desde 1999 devido ao avanço das economias da Europa Central e de Leste, não tem havido um processo de convergência real junto dos 12 países que adotaram o euro em 1999 e 2001”, pode ler-se no artigo do boletim do BCE, intitulado “Convergência real na zona euro: provas, teorias e implicações políticas”.

Entre esses países encontra-se Portugal, que surge no texto associado a Estados-membros que não registaram convergência como Espanha e Grécia, ainda que o artigo ressalve que, “no caso português, há provas limitadas de convergência temporária no período pré-crise”, ou seja, antes de 2008.

O artigo refere que não só a convergência esperada não se verificou como “há algumas provas de divergência entre os países que adotaram o euro desde o início, dado que ao longo de 15 anos vários países de baixos rendimentos mantiveram (Espanha e Portugal) ou aumentaram (Grécia) os seus desequilíbrios em relação à média”.

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“Esta falta de convergência está relacionada com vários fatores, em particular instituições fracas, rigidez estrutural, fraco crescimento da produtividade e insuficientes políticas para abordar os aumentos dos preços de ativos”, explica o documento do BCE.

O documento de 16 páginas enceta as conclusões com a constatação de que “apesar de os países da Europa Central e de Leste terem estado a aproximar-se da média europeia nos últimos 15 anos, o progresso em direção a convergência real entre os 12 países que formaram a zona euro nos seus anos iniciais tem desapontado”.

Isto porque, justifica o BCE, “a experiência tem mostrado que a convergência inicial pode desfazer-se rapidamente face a choques exógenos se não estiver sustentada por um enquadramento institucional sólido e por condições estruturais que conduzam ao crescimento da produtividade”.

Face a este contexto, o BCE sugere várias soluções para “garantir convergência real na União Económica e Monetária: estabilidade macroeconómica e uma política orçamental sólida em particular, um elevado grau de flexibilidade nos mercados de bens e laborais, condições favoráveis a um uso eficiente de capital e trabalho na economia, integração económica na zona euro e um uso mais ativo de ferramentas políticas nacionais para prevenir os ciclos de expansão e recessão de crédito”.

O último parágrafo do documento realça que “procurar uma convergência sustentável é maioritariamente uma responsabilidade nacional”, mas que esses esforços devem ser “complementados por reformas estruturais ao nível europeu no sentido de aprofundar o Mercado Único”.