As bolsas de Xangai e de Hong Kong não tem dado descanso a quem investe em ações chinesas. E entre dias “negros”, turbulência e registo dos níveis mais baixos dos últimos anos, já há quem tenha perdido as poupanças de uma vida. Como Yang Cheng. Este agricultor do sudoeste chinês investiu tudo o que amealhou em ações. E perdeu tudo.

O agricultor de Panzhihuar contou à CNBC que investiu todas as suas poupanças (cerca de 148 mil euros) e as dos seus familiares em ações de uma empresa de exploração mineira local. E que não se ficou por aqui: a sua corretora convenceu-o a pedir emprestado mais de um milhão de dólares (900 mil euros) para comprar produtos complexos sobre ações.

“Quando vi que o mercado estava a perder 4 mil pontos, percebi que os riscos eram demasiado elevados. Contudo, a opinião pública sobre as políticas do Estado afetou o meu julgamento”, disse Yang Cheng.

Yang Cheng começou a comprar ações depois de o governo chinês ter promovido este tipo de investimento como uma das formas que faria relançar a economia do país. E não foi o único a seguir as recomendações do Estado. Depois de ter liquidado a sua carteira de investimento, Cheng deve mais ou menos o valor que tinha investido inicialmente.

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Um pouco por toda a China, os investidores estão à espera que o governo tenha a iniciativa de comprar mais ações. para que possam recuperar as suas posições, mas muitos estão já a perder a esperança, adianta a jornalista da CNBC correspondente no país liderado por Xi Jinping.

Com uma dívida equivalente ao valor que investiu, Yang Cheng viajou para Pequim para pedir ajuda ao regulador dos mercados financeiros, equivalente à CMVM portuguesa, mas foi mandado embora. “Não sei o que fazer. Confiei demasiadamente no governo”, disse.

Na segunda-feira, o regulador dos mercados financeiros chinês anunciou que o Governo vai aumentar a compra de ações, para ajudar a suportar a queda dos mercados. O banco central da China também já injetou dinheiro nos mercados monetários e deu pistas de que poderia haver mais estímulos à economia.

Na segunda-feira, a bolsa de Xangai teve a sessão mais “negra” desde fevereiro de 2007 – o índice Shanghai Composite desceu 8,5% e o de Hong Kong caía 4,4% perto do final da sessão. A China é a segunda maior economia do mundo.