Durante os anos setenta, dezoito homens morreram às mãos de um mendigo alcoólico que normalmente as atacava no metro de Londres. Mas isso era algo que inicialmente a Scotland Yard, a polícia inglesa, não sabia: pela natureza das mortes – normalmente os corpos apareciam nas linhas do comboio – julgava que estava perante uma onda de suicídios, explica o El Confidencial.

Mas alguns casos fugiam à regra. Hector Fisher, a primeira vítima, foi encontrado morto junto a um cemitério na Rua de Clapham com punhaladas no pescoço e na cabeça. A segunda vítima foi Maurice Weighly, que aos 78 anos apareceu com o rosto e os genitais mutilados.

A Scotland Yard sabia que o pânico se instalaria na população caso revelasse o sucedido aos londrinos e por isso decidiu remeter-se ao silêncio. “O público deixaria de utilizar o metro e isso aumentaria o tráfego. Seria o caos”, justifica Geoff Patt, um antigo agente de 60 anos que conta o caso no livro “The London Underground Serial Killer”, segundo o Daily Mail.

Em 1984, a polícia apanhou um sem-abrigo alcoólico chamado Kiernan Kelly por desordem pública e furto. O homem tinha acabado de tirar a vida a William Boyd, depois de o golpear na cabeça e enforcar com meias. Foi quando a Scotland Yard o interrogou que admitiu ser o autor das dezoito mortes assinaladas em Londres. “Estava orgulhoso do assassinato”, indica o agente Patt ao Daily Star.

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Kiernan Kelly explicou que os assassinatos aconteceram normalmente na linha Northern, que hoje liga High Barnet a Morden. Escolhia apenas homens porque era por eles que se sentia atraído, algo que o enraivecia. Aliás, esse foi o motivo do primeiro assassinato, de acordo com o Huffington Post: Hector Fisher terá sugerido que o sem-abrigo era homossexual, algo que terá desencadeado os comportamentos de Kelly.

Quando Kelly começou a descrever os crimes que cometeu, a Scotland Yard percebeu que todas encaixavam com os supostos suicídios londrinos. Ainda assim, a confissão não foi suficiente para acusar o sem-abrigo pela autoria dos dois primeiros assassinatos, embora tivesse sido condenado a prisão perpétua pela morte de William Boyd, a última vítima, de acordo com o Express.

Isto é o que se pode ler no livro do agente Patt, mas o Ministério da Justiça inglês prefere manter algumas dúvidas. “Estamos conscientes das afirmações incluídas no livro, mas visto o tempo que passou desde a altura em que os crimes aconteceram, seria muito difícil sustentá-las sem mais nenhuma pista”, disse um porta-voz ao Daily Star.

O lançamento do livro lançou uma nova discussão em Inglaterra: quando deve a polícia resguardar as informações que tem para proteger a população e não comprometer a investigação, e quando deve ela comunicar aos cidadãos do perigo que enfrentam?

Texto editado por Filomena Martins