A Caixa Geral de Depósitos (CGD) teve lucros de 47,1 milhões até junho, um valor que ajustando à venda da participação nas seguradoras compara com um prejuízo de quase 170 milhões de euros no mesmo período de 2014. Os resultados das operações financeiras, incluindo a venda de títulos de dívida pública, voltaram a ser decisivos para o desempenho do banco.
O banco estatal tinha terminado o primeiro semestre de 2014 com um prejuízo de 169,3 milhões, um “valor ajustado de modo a refletir a apropriação de 15% do resultado da Fidelidade e 20% da Cares e da Multicare, o que corresponde às percentagens atualmente detidas pelo Grupo CGD no seu capital social, e a exclusão da mais-valia reconhecida com a venda de participações nas referidas seguradas concretizadas neste período”. Contabilisticamente, nesse primeiro semestre de 2014, a Caixa teve lucros de 110 milhões de euros.
Com a compra e venda de títulos financeiros, o banco obteve 302 milhões de euros, informa o banco em comunicado enviado esta quinta-feira à CMVM. A CGD, tal como outros bancos, continua a fazer uma gestão da carteira de títulos de dívida pública, algo que há vários semestres tem suportado os resultados dos bancos, sobretudo desde a segunda metade de 2012, quando esses títulos começaram a valorizar-se (e as taxas implícitas a cair até mínimos históricos).
O resultado líquido global do grupo, de 47,1 milhões, contou, também, com um aumento de 14,3% da margem financeira – rubrica que continua a beneficiar dos juros baixos que os bancos estão a pagar pelos depósitos. A Caixa atraiu mais 4,6% em depósitos no período. Os resultados antes de impostos (e interesses minoritários) ascenderam a 213,5 milhões de euros, que comparam com os 168,7 milhões de registados pelo Grupo até junho de 2014 e com o prejuízo antes de impostos de 110,7 milhões quando feito o pro forma a expurgar o efeito das seguradoras vendidas.
Os custos operacionais aumentaram 4,3% no período, o que é explicado pela expansão internacional do grupo em mercados como Moçambique e por ajustes normais que o banco teve de fazer no fundo de pensões, associados à taxa de desconto dos ativos que garantem as suas responsabilidades. O banco continua “a política de otimização da eficiência e racionalização operacional”, daí que tenha a decorrer um programa de reformas antecipadas a que já se disponibilizaram a, eventualmente, participar mais de mil funcionários da Caixa.
O banco destaca, ainda, que fez mais 58,5% novas operações de crédito à habitação em Portugal, o que não impediu uma queda de 4% do saldo total de crédito à habitação, à medida que os créditos antigos vencem e os devedores continuam a amortizar os respetivos créditos. No crédito às empresas, o banco diz que a “forte concorrência condicionou” a expansão da quota de mercado, que desceu uma décima para 18% neste mercado. O banco salienta, contudo, que aumentou 37% a nova produção de crédito às pequenas e médias empresas, um mercado a que o banco tem dedicado maior atenção nos últimos trimestres.