A mãe que levou o recém-nascido do Hospital de Faro entregou-se na noite de quinta-feira, às 23h00, na mesma unidade. Em conferência de imprensa, a pediatra Maria Alfaro, confirmou que o bebé perdeu algum peso (200 gramas), “embora dentro do valor estimado e normal para os primeiros dias de vida”. A criança vai ficar sob vigilância e a mãe terá alta. Mas mãe e bebé estão “aparentemente bem”, disseram os responsáveis hospitalares no final da noite de quinta-feira.

“Entregou o bebé em boas condições de higiene, aparentemente está bem. Agora vamos avaliar o bebé, o estado de saúde, a parte familiar, social e logo se vê”, disse Maria Alfaro, pediatra de serviço na Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais.

O presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar do Algarve, Pedro Nunes, realçou que a mãe está a ser observada no serviço de Obstetrícia e que “o hospital só alegou o perigo para a vida do bebé para poder acionar as autoridades policiais, portanto foi uma presunção de risco, não foi um diagnóstico de risco efetivo”.

Maria Alfaro referiu que a mulher tratou bem do bebé e que se mostrou muito arrependida por o ter levado dos cuidados hospitalares, logo após o seu nascimento. Alexandra Patrício, segundo identifica o Jornal de Notícias, entregou-se por motivos profissionais, uma vez que trabalha com idosos e crianças, um emprego que estava a ser dificultado com a exposição mediática a que ficou sujeita quando, no último sábado, fugiu do hospital de Faro com o recém-nascido.

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Questionada sobre se a mãe é, ou não, toxicodependente, Maria Alfaro apenas adiantou à comunicação social que existe “alguma história de consumo”. Apesar disso, de momento é impossível determinar se esse consumo teve influência no estado de saúde do recém-nascido: “O bebé acabou de chegar. Não conseguimos avaliar isso. Ela esteve horas connosco”.

Sobre as questões de segurança, Pedro Nunes afirmou que o hospital presumiu o risco de saúde da criança de modo a acionar as autoridades policiais.  “Para o hospital, esta mãe não é uma criminosa, é uma doente”sublinhou Pedro Nunes. O hospital garantiu ainda que o desaparecimento da criança foi comunicado às autoridades competentes cinco minutos após ter sido detetada a sua ausência.

Relativamente à não utilização das pulseiras eletrónicas, Pedro Nunes argumentou que substituir o atual sistema de segurança pelas ditas pulseiras seria “poupar dinheiro e nós não queremos poupar dinheiro na segurança dos bebés” — e garantiu que existe um funcionário em vigilância constante, que os bebés têm identificação conforme o berço e que todos os movimentos dentro da unidade são filmados. “Garantir a segurança não é pôr um policia atrás de cada mãe. As pulseiras eletrónicas não tiveram nada que ver com este caso.”

O incidente em questão reporta ao último sábado, quando uma mulher, toxicodependente, fugiu do hospital com o filho, duas horas depois do parto. A criança estava numa incubadora, na unidade de neonatologia do Hospital de Faro. O sucedido levou à investigação do caso por parte da Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) e pela Entidade Reguladora da Saúde (ERS). A PSP de Faro estava, até então, à procura da mulher.

Esta manhã, o Jornal de Notícias publicou uma fotografia das câmaras de vigilância da unidade de saúde onde mostrava a mulher a sair do Hospital, com o braço tapado e uma mala ao ombro, onde alegadamente escondeu o filho recém-nascido.

Ainda não são conhecidas as razões que levaram a mãe a abandonar os cuidados hospitalares.