A organização internacional Repórteres Sem Fronteiras (RSF) divulgou que elementos armados da polícia angolana cercaram na quarta-feira de manhã as instalações da Rádio Despertar, emissora com sede em Luanda conotada com a oposição angolana.

Num comunicado, a organização de defesa da liberdade de imprensa precisou que a ação policial ocorreu no mesmo dia em que um dos jornalistas da emissora, Gonçalves Vieira, foi detido.

Segundo a RSF, Vieira foi detido durante a cobertura jornalística dos preparativos de um protesto reprimido pela polícia na quarta-feira à tarde no centro da capital angolana, e que pretendia denunciar “as detenções arbitrárias e a perseguição política em Angola”, em particular o caso de 15 jovens ativistas, detidos desde junho.

No mesmo texto, a organização relatou que Gonçalves Vieira conseguiu informar a emissora de que estava a ser detido e que ia ser transportado para um local incerto. O jornalista seria libertado duas horas depois.

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“Condenamos estas tentativas de intimidação de jornalistas, que são planeadas para impedir os profissionais de fazer o seu trabalho”, afirmou Cléa Kahn-Sriber, responsável pelo núcleo África da RSF.

“Vieira estava apenas a fazer o seu trabalho, ao cobrir os preparativos desta manifestação. Independentemente do que a polícia alegou mais tarde, a manifestação foi anunciada com antecedência e foi autorizada”, acrescentou Cléa Kahn-Sriber.

Sobre o cerco da Rádio Despertar, a RSF afirmou que um dos responsáveis da emissora, Queiros Anastasios Chiluvia, relatou à organização internacional que vários elementos da polícia, alguns vestidos à civil, permaneceram durante todo o dia (quarta-feira) junto das instalações da estação.

A Polícia Nacional de Angola negou hoje que tenha feito detenções durante a manifestação em Luanda, garantindo que apenas “recolheu” jovens, entretanto libertados, por “tentarem alterar a ordem” na cidade.