Tozé Marreco é português e há uns anos que tem por hábito marcar golos. Muitos, até. Sempre foi amigo deles, especialmente na segunda liga. Marcava-os aos montes, como na época passada, em que fez 25 no meio dos 52 em que esteve com o Tondela. Oportunidades para brilhar e fazer o mesmo, na primeira liga, é que nem vê-las. Há dois anos, por isso, disse, às tantas: “Se me chamasse Marrecovich, sei bem onde estava”. O avançado Tozé não esteve esta quinta-feira no Estádio do Restelo — neste momento está sem clube, sabe-se lá porquê –, a ajudar o Belenenses a desencantar o 2-1 com que venceu o IFK Gotemburgo. Mas o jogo serviu para contrariar a opinião que enchia a tal frase que saiu num desabafo de Marreco.

O avançado, na altura, refilava por os clubes nacionais darem mais atenção aos estrangeiros e desviarem o olhar dos jogadores portugueses. Porque ano após ano, a lenga-lenga é a mesma. Há contratações, clubes a olharem mais para fora do que para dentro. O Belenenses, para variar, não tirou os óculos de ver ao perto e passou o verão a comprar e a não deixar sair jogadores portugueses. Ricardo Sá Pinto juntou-os e teve uma equipa inteira a falar português enquanto batia os suecos na 3.ª pré-eliminatória da Liga Europa.

Os 11 titulares que vestiram de azul, à Restelo, eram portugueses e foram eles que marcaram dois golos antes do intervalo. Ou melhor, foi um deles, o que se chama Carlos Martins: primeiro, aos 23′, maltratou uma bola à entrada da área, ao bater-lhe com força para a fazer entrar, disparada, junto ao poste esquerdo da baliza do Gotemburgo; depois, aos 41′, inventou uma tabela com Sturgeon, o português com apelido inglês para, já na área, voltar a marcar. O Belenenses estava lançado.

O intervalo abrandou-o, porque o físico azul ainda é de pré-época e o sueco já vai com o andamento de 13 jogos feitos no campeonato nórdico. As coisas deixaram de sair rápidas e, aos 58′, Haitam Aleesami reduziu. Antes e depois viu-se o Gotemburgo a abusar dos passes pelo ar e um jogo viciado nos ressaltos de bola e passes mal feitos. Mas a vitória foi portuguesa, com certeza, e o Belenenses vai chegar à segunda mão, que se joga a 6 de agosto, em vantagem.

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