Estar no topo é uma expressão abstrata, cuja longevidade raramente está assegurada — não faltam casos de quem tenha passado do topo para o fundo do poço num ápice. E o inverso também se aplica. É, mais do que uma condição, um juízo de valor ou de estado. Alguém que afirma que “fulano está no topo da sua forma”, que “sicrano chegou ao topo da carreira” ou que “beltrano atingiu o topo do mundo” está, mais do que qualquer outra coisa, a especular. Mais que não seja por não reconhecer a fulano, sicrano e beltrano a capacidade de ir mais além. Quando se fala em topo, portanto, só conta se for factual. Um top(o) de vendas, um topo de uma montanha ou um TOPO como o que acaba de abrir no sexto andar do Centro Comercial do Martim Moniz.

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Sim, é lá em cima, no topo. Perdão, no TOPO. (foto: © Tiago Pais)

Chamemos-lhe rooftop. Chamemos-lhe roofTOPO. Chamemos-lhe terraço. Chamemos-lhe bar, restaurante, petiscaria, esplanada, o que quisermos. O TOPO é tudo isso e, tendo em conta o que a vista dali alcança, ainda dá uns toques como miradouro não oficial de Lisboa.

Para lá chegar é preciso chegar ao topo — passe a redundância — de um dos dois mamarrachos que desde os idos 90 do século passado marcam a paisagem da praça onde se defrontam as colinas da Mouraria e de Sant’ana. Precisamente o Centro Comercial do Martim Moniz, velho conhecido de todos aqueles que gostam de apimentar as suas receitas com especiarias e demais temperos orientais.

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A viagem até ao sexto andar é rápida e serena. O elevador, à direita de quem entra no shopping, cumpre esse propósito sem mácula nem solavancos. A vista surpreende logo à chegada. O espaço, muito clean e geométrico, dá primazia ao que se vê para lá das paredes, debaixo do castelo. E nem podia ser de outra forma.

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O design parece nórdico. Já a vista não podia ser mais lisboeta.
(foto: © Tiago Pais / Observador)

Antes de se poder chegar o TOPO foi preciso alguém olhar para o topo (do prédio em questão) e pensar alto. Pensar muito alto. “O José Filipe [Rebelo Pinto, da NCS, responsável pelo Mercado de Fusão do Martim Moniz] já tinha a ideia de pegar nisto há três anos”, explica Mafalda Malafaya, uma das seis pessoas que estão à frente do projeto e uma das duas que dão a cara por ele. E acrescenta.

Isto aqui em cima era um ateliê de arquitetura. Inicialmente íamos só fazer a sala até meio, mas depois surgiu a hipótese de juntar a segunda sala que era um armazém de produtos chineses. Quando aqui chegámos estava tudo tão cheio de caixas que nem encontrávamos a cabecinha do senhor para falar com ele”

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Mais vale um batido com vista do que uma vista batida. (foto: © Tiago Pais / Observador)

As duas salas uniram-se numa só, comprida, com um grande balcão em L, mesas para dois e outras maiores que podem ser partilhadas ou não. Lá fora, o terraço propriamente dito, munido de blocos de madeira que servem de mesa e assento, tem uma vista de amplitude bem razoável. O jornalista só não arrisca um ângulo porque nunca chegou, de facto, a perceber como é que se usava um transferidor. Vê-se o castelo? Check. Vê-se a Graça? Check. Senhora do Monte? Check. Unidade de cirurgia maxilo-facial do Hospital de São José? Idem.

Se quanto ao espaço e respetiva vista estamos conversados, falta dizer/escrever tudo sobre a comida e a bebida. Apesar de a carta ter sido definida pelo chef Pedro Ramos, que passou pela escola Cordon Bleu e pelo célebre restaurante Noma, em Copenhaga, não se espere encontrar alta gastronomia na ementa. E apesar de isso ser uma pena, na medida em que facilitaria a introdução de novos jogos de palavras entre cozinha de topo e a cozinha do TOPO, a opção é compreensível. “A carta é simples, com comida nada complexa e com uma aposta forte na partilha”, esclarece Mafalda. Mais do que elencar receitas e preços, bom mesmo é ver por si.

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A ementa do TOPO. (foto: © Tiago Pais / Observador)

Já a carta de bebidas, que contou com a colaboração de Luís Domingos, da Black Pepper & Basil, ainda está longe da versão final. “Vai ser alargada”, garante Mafalda, passado o período de soft opening que um espaço deste género exige. Quando a máquina do TOPO estiver bem oleada o espaço também começará a servir almoços e a apostar mais a sério na programação musical mas sempre, faz questão de vincar a responsável, “sem se transformar numa discoteca”. De resto, planos para o TOPO não faltam. Até porque o céu é o limite. Literalmente.

Nome: TOPO
Morada: Centro Comercial do Martim Moniz, Praça do Martim Moniz, Lisboa
Telefone: 21 588 1322
Horário: De terça a domingo das 17h à 00h (sexta e sábado fecha às 02h)
Preço Médio: 20€
Reservas: Aceitam