A polícia rodoviária federal do Brasil está na 77.ª Volta a Portugal para aprender e apreender o que é e como funciona uma corrida de ciclismo, uma missão olímpica só possível com cooperação portuguesa.

A cor castanha do uniforme destoa do azul claro dos polos azuis claro da GNR, ‘denunciando’ que Carlos Amorim e Marcos Moreira são dois ‘forasteiros’ entre as forças de segurança da 77.ª Volta a Portugal. O primeiro é coordenador geral de operações da polícia rodoviária federal (PRF) do Brasil, o segundo presidente do Comité de ciclismo olímpico da PRF e os dois estão integrados na caravana para aprender como fazer nos Jogos Olímpicos de 2016.

“Viemos aqui buscar experiência, principalmente da GNR, no trabalho de policiamento e segurança da prova e dos atletas. Isso vai ser muito importante para que possamos concretizar o nosso plano para a execução da prova de estrada do Rio2016. A tradição do ciclismo no Brasil é pouca. As principais provas estão aqui na Europa e, por isso, tivemos de procurar a ajuda de Portugal”, explicou à agência Lusa Amorim.

Os dois estiveram já na Volta ao Algarve e tiveram um emissário na Volta a França, mas é na prova rainha do calendário nacional que têm a sua experiência de fogo.

“Estamos a um ano dos Jogos Olímpicos e esse é um momento bem importante para ver na prática como as coisas funcionam para podermos levar essa experiência para implementar na prova lá”, completou o coordenador geral.

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“Não teríamos hipótese de estar lá, no nível que precisamos de estar, se não estivéssemos aqui a acompanhar como isto funciona na prática”, insistiu Marcos Moreira, para quem a maior dificuldade da prova de 256,4 quilómetros, que terá lugar a 06 de agosto de 2016, será sensibilizar o público brasileiro.

A falta de cultura velocipédica, num país sem competições de renome, preocupa a organização, com o presidente do Comité de ciclismo olímpico da PRF a reconhecer que a população não entende como funciona uma corrida.

“Quando existe uma prova destas não existe a mobilização que existe aqui na Europa. Incutir esse pensamento nas pessoas é a nossa maior dificuldade. É uma prova longa, uma caravana de quilómetros e eles não entendem que não podem entrar [no percurso] naquele momento só porque não está a passar ninguém”, completou.

A responsabilidade é ainda maior, uma vez que, como recordou Carlos Amorim à Lusa, a prova de estrada do Rio2016 é o primeiro evento dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, pelo que “as pessoas vão estar na expetativa” e vai haver “um foco muito grande” na corrida.

Fundamental para esta aliança luso-brasileira foi Isabel Fernandes, a comissária portuguesa que é a responsável técnica pela prova olímpica.

“Nós estamos aqui muito por causa dela, por indicação dela, porque ela intermediou o primeiro contacto, que era o mais difícil. Falamos quase todos os dias, ela pergunta como as coisas estão a correr. É uma pessoa muito competente, muito profissional, que luta muito pela modalidade”, elogiou o presidente do Comité de ciclismo olímpico da PRF.

Marcos Moreira não quis concluir a conversa sem destacar o acolhimento que receberam na Volta a Portugal: “A GNR tem sido fora de série, tem-nos apresentado todas as situações de corrida possível, não nos nega qualquer tipo de informação, de cooperação”.