PS e PSD embrulharam-se esta semana numa discussão sobre dados, tanto do emprego e desemprego, como sobre a sobretaxa. E para os socialistas, o Governo mais não faz que usar “instrumentos do Estado” para fazer campanha eleitoral. “É normal que o PSD mantenha a sua tese, porque a sua estratégia de campanha assenta num conjunto diversificado de ilusões, e uma delas é a devolução da sobretaxa”, disse aos jornalistas o deputado e cabeça-de-lista do PS por Aveiro Pedro Nuno Santos.

Em causa estão as declarações dos sociais-democratas sobre os números do emprego, mas também sobre os dados da receita fiscal, que comprometem uma devolução da sobretaxa de IRS. Começando por falar sobre os dados do desemprego, o socialista defende que os dados que importam analisar são os dados relativos à criação/destruição de postos de trabalho e não apenas a taxa de emprego, uma vez que nesta estão incluídas pessoas em programas ocupacionais ou em condições de subemprego. “Se o PSD quer falar de pessoa é bom que fale delas todas e da situação difícil que vivem por causa das duas políticas. (…) Houve uma destruição líquida de 210 mil postos de trabalho. Esta é a realidade dos factos de 4 anos de governação”, disse.

Pedro Nuno Santos defendeu anda que há 160 mil pessoas em programas ocupacionais – “que são desempregados” – e 250 mil em situação de subemprego, além de lembrar os 500 mil que emigraram. “Se todos os desempregados emigrassem, teríamos desemprego zero. Não deixam de ser pessoas que abandonaram o país porque estavam desempregadas. O número que interessa é a criação ou destruição de postos de trabalho e o PSD e o CDS destruíram 210 mil postos de trabalho”, sintetizou.

Já sobre a sobretaxa, o socialista referiu a análise feita pela Unidade Técnica de Apoio Orçamental às contas do primeiro semestre para defender que “ninguém acredita” nos dados do Governo sobre a devolução da sobretaxa de 3,5% de IRS. “As receitas fiscais estão empoladas, temos o reembolso do IRS e IVA atrasados, só com base neste empolamento da receita é que podem prometer uma devolução. Não só não haverá devolução como a meta orçamental” está em duvida, disse.

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Perante as posições assumidas pelos sociais-democratas em relação a estes dois temas, o socialista não tem dúvidas em concluir que “a devolução da sobretaxa é mais um instrumento eleitoralista, como é a da taxa de emprego”.

As declarações de Pedro Nuno Santos aconteceram depois de o vice-presidente do PSD, Marco António Costa ter feito uma conferência de imprensa na sede do partido onde defendeu que o país tem menos 25 mil desempregados do que tinha em 2011.

Além disso, os socialistas enviaram esta terça-feira um requerimento com várias perguntas à ministra das Finanças sobre os dados relativos à receita fiscal.