“É um reconhecimento do esforço dos portugueses” e a “esperança num futuro melhor”. A leitura feita pelo porta-voz do PSD, Marco António Costa, à evolução dos números do emprego e do desemprego não podia ser melhor. O que tem havido é uma “mistificação” e uma “tentativa de desvalorização da realidade por parte da oposição”, atirou o vice social-democrata esta quarta-feira em reação aos dados revelados hoje pelo Instituto Nacional de Estatística – e em reação à reação dos socialistas.

O INE revelou esta quarta-feira que a taxa de desemprego caiu para os 11,9% no segundo trimestre do ano, atingindo o valor mais baixo desde o quarto trimestre de 2010. Para o PS, no entanto, os números aparentemente positivos estão apenas a mascarar a realidade por motivos eleitoralistas. A realidade, segundo os socialistas, é outra, já que os números não incluem os desencorajados, nem os emigrados. Mais: a deputada socialista Ana Catarina Mendes acusou mesmo o Governo de estar a colocar desempregados em programas de ocupação de uma semana para que desapareçam das estatísticas.

A guerra está aberta. Para os sociais-democratas, os números são líquidos: revelam “mais confiança dos consumidores, mais índice de confiança do clima económico, mais criação de emprego, mais criação de empresas e maior crescimento económico. Todos conjugados, os dados só podem significar que haverá, e há, mais emprego, e que haverá, e há, menos desemprego”, afirmou aos jornalistas o vice-presidente do PSD Marco António Costa, falando na sede do partido.

Questionado sobre o facto de haver indicadores de que dois terços do emprego criado são contratos a prazo, ou seja, emprego precário, Marco António sublinhou que “pior do que contratos a prazo é o desemprego” mas que o trabalho do Governo, em conjunto com a concertação social, tem sido no sentido de “construir reformas que tornem possível o emprego estável”. “O que estamos a construir em Portugal é uma economia mais sólida que gera mais emprego, e que gera mais emprego de maior qualidade”, disse.

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Sobre os argumentos da oposição de que o PSD e o CDS estão a esconder da estatística os dados sobre a emigração e os desencorajados, isto é, os que desistem de procurar emprego, Marco António recusou a ideia e apontou baterias ao PS: “É verdade que muitos portugueses procuraram na emigração uma solução, mas o PS tem procurado construir uma narrativa de que a emigração nasceu a partir da altura em que este Governo tomou posse, o que não é verdade”, disse, pegando em dados do Observatório da Emigração para mostrar que, em 2007, “emigraram 90 mil pessoas” e em 2012 “emigraram 95 mil”.

Antes de Marco António Costa, também o ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Pedro Mota Soares, tinha reagido aos dados do desemprego para dizer que se tratavam de “um sinal de confiança e de esperança” para quem ainda está sem trabalho. Falando aos jornalistas, o ministro frisou que “Portugal deu a volta” e tem agora uma taxa de desemprego inferior à de 2011, ou seja, uma taxa “que pela primeira vez está muito próxima da taxa de desemprego da média da zona euro”.

“A tendência de desemprego é uma tendência de descida, isso é francamente positivo. Sabemos que é com mais confiança que temos mais investimento, com mais investimento que temos mais economia e com mais economia que temos mais emprego”, afirmou Mota Soares.

Sobre as declarações da Comissão de Trabalhadores do Instituto Nacional de Estatística (INE), que esta semana disse estar a haver “aproveitamento político” dos dados sobre desemprego, Pedro Mota Soares afirmou compreender a crítica. “No último mês em que foram conhecidos dados, o desemprego desceu em Portugal. Tivemos a oposição durante um mês a dizer que o desemprego tinha subido em Portugal. Por isso mesmo compreendo essa crítica dos trabalhadores do INE. Eu não entro nas guerras de números, é uma questão de respeito por quem ainda está numa situação de desemprego”, declarou o governante.