Cerca de 224 mil migrantes e refugiados atravessaram o Mediterrâneo em direção à Europa nos primeiros sete meses deste ano, divulgou a ONU, um dia depois de um novo naufrágio que poderá ter provocado mais de 200 mortos.

“O que temos à porta da Europa é uma crise de refugiados”, afirmou um porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), William Spindler, numa declaração enviada por e-mail à agência francesa AFP.

Segundo o representante, até finais de julho, cerca de 224 mil refugiados e migrantes chegaram à Europa por via marítima.

No início de julho passado, este mesmo organismo indicou que já tinha sido atingido um recorde de migrantes no primeiro semestre do ano: 137 mil pessoas.

Quase todas estas pessoas atravessaram o mar Mediterrâneo, muitas vezes em embarcações frágeis e em condições precárias, mediante um pagamento a redes de tráfico de seres humanos, frisou o porta-voz.

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Deste total, 124 mil desembarcaram na Grécia e cerca de 98 mil em território italiano.

Durante o mesmo período, mais de 2.100 pessoas perderam a vida no mar ou estão dadas como desaparecidas, acrescentou William Spindler.

O porta-voz do ACNUR frisou que este número não engloba as cerca de 200 pessoas que poderão ter morrido num naufrágio ocorrido na quarta-feira ao largo da Líbia, durante a travessia do Mediterrâneo.

A embarcação de pesca, que segundo testemunhos de sobreviventes transportava 600 pessoas, enviou um pedido de socorro a cerca de 15 milhas náuticas ao largo da Líbia, sinal que foi recebido pela guarda costeira de Catânia, na Sicília.

Dois navios – o holandês “Dignity One” e o irlandês “Le Niamh” – foram enviados de imediato para o local do naufrágio, mas a embarcação naufragou quando os passageiros se deslocaram todos para um lado para serem socorridos, relatou, na quarta-feira, a guarda costeira italiana.

O navio irlandês “Le Niamh” chegou hoje à cidade italiana de Palermo com 367 sobreviventes a bordo, incluindo 12 mulheres e 13 crianças, bem como os corpos de 25 vítimas que foram recuperados do mar.

“A maioria das pessoas que atravessa o Mediterrâneo são refugiados que fogem da guerra e da perseguição, e não migrantes económicos”, disse Spindler, salientando que a guerra civil síria é responsável por 38% das chegadas verificadas até julho último.

No ‘top’ de nacionalidades segue depois a Eritreia (12%), Afeganistão (11%), Nigéria (5%) e a Somália (4%).