Os dados do Frontex indicam que mais de 280 mil migrantes passaram as fronteiras do território europeu de forma ilegal em 2014 e a entidade reportou ainda as movimentações nas principais rotas de migração terrestres e marítimas.

De acordo com a Agência de Controlo das Fronteiras Externas da União Europeia, deste total de entradas de migrantes ilegais, 220 mil foram feitas através das travessias pelo Mar Mediterrâneo.

As principais rotas, por terra e mar, identificadas pela Frontex são as rotas da África Ocidental (Canárias), do Mediterrâneo Ocidental (Ceuta e Melilla), do Mediterrâneo Central (Itália/Malta), de Apúlia e Calábria (Itália), do Mediterrâneo Oriental (Grécia/Turquia), Circular da Albânia e Grécia, das Fronteiras Orientais (países do leste europeu) e das Balcãs Ocidentais (Turquia/Grécia/Hungria).

Este movimento migratório para a Europa, que visa sobretudo países como o Reino Unido, Alemanha e países nórdicos, demonstram que as travessias continuam a aumentar consistentemente, de acordo com os dados parciais de 2015 já fornecidos pela Frontex.

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A Rota do Mediterrâneo Central é uma das mais utilizadas pelos migrantes ilegais e, de acordo com os dados da Frontex, refere-se ao fluxo migratório vindo do norte de África para a Itália e Malta, através do Mar Mediterrâneo.

Nesta rota, a Líbia serve, grande parte das vezes, como ponto de passagem para os migrantes do Corno de África e de rotas da África Ocidental, que embarcam de solo líbio com destino à Europa.

Dada a agitação no país, que está em guerra civil desde a queda de Kadhafi, em 2011, houve uma facilitação das redes de tráfico humano para Europa a partir deste país do norte de África, refere a agência europeia.

Segundo os disponíveis na página oficial da Frontex, em 2014, o número de travessias ilegais nesta rota (contando Apulia e Calabria, que é outra rota identificada) foi de 170.760 e, entre janeiro e junho deste ano, já foram identificadas 67.261 passagens ilegais.

Outra rota muito utilizada é a do Mediterrâneo Oriental, utilizada por migrantes que passam pela Turquia (vindo de outros países asiáticos) e entram na Europa pela Grécia, sul da Bulgária ou Chipre, segundo a Frontex.

Em 2014, entraram na Europa por esta via 50.830 migrantes ilegais e, no período entre janeiro e junho de 2015, já atravessaram 79.286 pessoas.

A Rota das Balcãs Ocidentais, de acordo com a Frontex, é também uma via muito utilizada pelos migrantes ilegais, visto que em 2014 por esta rota entraram na Europa 43.360 pessoas e, entre janeiro e junho de 2015, 67.444 imigrantes.

A rota dos Balcãs Ocidentais descreve dois principais fluxos migratórios, um deles vindo dos próprios países dos Balcãs Ocidentais e ainda os movimentos secundários dos migrantes, principalmente asiáticos que originalmente entraram na União Europeia através das fronteiras terrestres ou marítimas búlgaro-turca ou greco-turca e depois prosseguem o seu caminho através do Balcãs Ocidentais, nomeadamente pela Hungria.

De acordo com a Frontex, o número de migrantes ilegais que entraram na Europa em 2014 é um recorde.

Os conflitos armados em países africanos, como a Nigéria, Líbia e Somália, e asiáticos, como o Afeganistão e o Paquistão — assim como no Médio Oriente, sobretudo na Síria, que está a registar a pior crise de refugiados desde a II Guerra Mundial -, estão a levar a um quadro catastrófico, já que milhares de pessoas estão a perder a vida na tentativa de travessia no Mediterrâneo, nomeadamente ao lago da ilha italiana de Lampedusa.

De acordo com a Organização Internacional para as Migrações (OIM), mais de 2.000 pessoas já morreram este ano na travessia do Mar Mediterrâneo.

Nas últimas semanas, milhares de migrantes concentrados em Calais, no norte da França, estão a tentar atravessar o Eurotúnel para chegar ao Reino Unido, buscando um país com melhores oportunidades de emprego e vida, tendo já morrido pelo menos uma dezena de pessoas.

A UE, em resposta aos pedidos da Itália, que assegurava sozinha ao socorro dos navios em dificuldades no Mediterrâneo através da operação Mare Nostrum, implementou a operação Tritão, de busca e resgate aos náufragos, em novembro de 2014.

Atualmente, os migrantes são responsabilidade do país a que chegam, o que expõe especialmente os países mais próximos das rotas de migração, como a Itália, Malta e Grécia, e a concessão de estatuto de refugiado apresenta grandes disparidades, com a Alemanha, Suécia, França e Itália a acolherem mais de 60% do total em 2014.

Os Governos da União Europeia (UE) continuam num impasse sobre como resolver esta situação da migração ilegal, mantendo sobrecarregados países como a Itália, Malta e Grécia no acolhimento destas pessoas. Alguns planos já foram sugeridos, mas nada de concreto foi feito ainda.

O Governo português, em julho, prontificou-se a receber 1.400 imigrantes.