Marcelo Rebelo de Sousa não tem dúvidas: numa altura em que as sondagens dão uma curta vantagem para as hostes do Largo do Rato, esta foi uma semana com contornos de tragédia para o PS e pode ter efeitos negativos nas aspirações dos socialistas.
No seu espaço habitual de comentário na TVI, o antigo líder social-democrata analisava assim as mais recentes polémicas a envolverem os cartazes do Partido Socialista. Mesmo lembrando que ainda “falta muito tempo” até às legislativas (agendadas para 4 de outubro) e que, como tal, a polémica deverá perder fôlego até lá, Marcelo deixou o aviso: “Não convém que todas as semanas sejam assim” ou então a vitória nas eleições fica mais difícil.
Além disso, continuou Marcelo, aos polémicos cartazes junta-se, ainda, o delicado dossier das presidenciais. Isto porque a eventual candidatura de Maria de Belém à Presidência da República – que esta semana ganhou mais força – pode complicar a vida a António Costa, que desde o início parecia comprometido “a apoiar Sampaio da Nóvoa”. Lembrando que Maria de Belém fora presidente do PS durante a liderança de António José Seguro, o comentador acredita que esta foi “mais uma pancada em António Costa”. Um gancho vindo diretamente do interior do partido.
Numa semana em que o PS teve poucos motivos para sorrir, nem a definição das datas dos frente-a-frente eleitorais parece ajudar António Costa. Por um lado, o comentador acredita que o facto de existirem apenas dois duelos agendados entre Passos e Costa até vai ser bom para o líder socialista – é que “Pedro Passos Coelho tem maior traquejo” do que Costa, explicou Marcelo. Mas nem isso vai ajudar a ofuscar outro facto: é que o primeiro debate (o televisivo, a 9 de setembro) vai acontecer no mesmo dia em que é reavaliada a medida de coação aplicada a José Sócrates. “Vai ser difícil que as pessoas não falem” do ex-primeiro-ministro, sobretudo, se José Sócrates for libertado, explicou Marcelo.
E nem a guerra dos números do desemprego parece ter corrido de feição aos socialistas. Marcelo Rebelo de Sousa acredita que a oposição, com o PS à cabeça, tem razão quando diz que “houve empregos que foram destruídos” ou quando diz que a emigração de milhares de portugueses pode ajudar a maquilhar os números, mas isso não chega para desmentir que “a evolução do numero de desempregados foi positiva”. Os números “estão a ser melhores para o Governo”, conclui o comentador.