Um professor americano encontrou uma cassete com o som da primeira versão do histórico discurso “I Have a Dream”, de Martin Luther King. Na gravação, é possível ouvir alguns dos sonhos do ativista pelos direitos dos negros nos Estados Unidos, nove meses antes do derradeiro discurso na Marcha em Washington, a 28 de agosto de 1963.

Num pequeno ginásio de uma escola em Rocky Mount, no Estado sulista da Carolina do Norte, duas mil pessoas juntaram-se para ouvir o reverendo que não tinha medo de lutar pelos direitos civis dos afro-americanos. Naquele 27 de novembro de 1962, alguns jornalistas estiveram presentes e um deles decidiu gravar os 55 minutos do discurso.

Quase 53 anos depois, a gravação volta a ser ouvida graças ao professor de inglês Jason Miller, que a descobriu numa biblioteca local quando trabalhava no seu livro, Origins of the Dream, uma investigação sobre as semelhanças entre os discursos de King e a poesia de Langston Hughes. “É em parte uma menção aos direitos civis, em parte uma reunião em massa, e em parte tem o espírito de um sermão”, disse Miller, citado pelo The Guardian.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Meus amigos de Rocky Mount, eu tenho um sonho esta noite. (…) Um dia, naquele lugar [Estado da Geórgia], raparigas e rapazes negros vão poder dar as mãos a raparigas e rapazes brancos e caminhar pelas ruas como irmãos e irmãs. Eu tenho um sonho. Um dia, aqui mesmo em Rocky Mount, Carolina do Norte, os filhos dos antigos escravos e os filhos dos antigos proprietários de escravos vão encontrar-se à mesa da fraternidade, conscientes de que de um só Deus fez todos os homens para habitarem a face da Terra.

Ao longo dos 55 minutos, Martin Luther King repete a frase “I Have a Dream” oito vezes. O apelo “let freedom ring”, um dos momentos mais fortes do discurso de Washington que ficou gravado na história, também já era feito aqui.

Esta terça-feira, Jason Miller mostrou em público a gravação, na Universidade da Carolina do Norte. Na audiência estavam três pessoas que tinham presenciado o discurso ao vivo.