O satélite da missão espacial Mars Express, coordenada pela Agência Espacial Europeia (ESA), tem recolhido imagens da superfície do planeta vermelho recorrendo a uma câmara de alta resolução – High Resolution Stereo Camera. Com estas imagens, uma equipa de investigadores do grupo de Deteção Remota e Ciências Planetárias da Universidade Livre de Berlim (Alemanha) criou viagens que sobrevoam as paisagens acidentadas de Marte.
O “terreno caótico” tem dezenas, ou mesmo centenas, de montanhas que podem chegar aos dois mil metros de altura e se organizam de uma forma irregular, quase caótica. Este tipo de relevo é encontrado tanto a este como a oeste do maior desfiladeiro (canyon) do sistema solar – Valles Marineris. Esta superfície altamente irregular, e sem paralelo com nenhum lugar na Terra, poderá ter sido formada devido à erosão, numa altura em que o planeta Marte tenha tido água.
Uma das regiões que apresenta este tipo de “terreno caótico” é Hydraotes Chaos, como pode ver no vídeo (em baixo) ou aqui em três dimensões (mas para isso vai precisar de uns óculos apropriados).
Enquanto a bacia de Hydraotes Chaos fica localizada nas terras altas marcianas junto do equador, a planície de Atlantis Chaos fica no hemisfério sul, incluída na região de Terra Sirenum. A ESA refere que os picos e montes de “topos planos”, nesta planície de 170 por 145 quilómetros, podem ter sido formados pela erosão lenta de um antigo planalto contínuo. A região está cheia de crateras, causadas pelo impacto de meteoritos, que podem ter tido água no passado.
Já no início de 2014, a ESA tinha publicado um vídeo da antiga planície aluvial Kasei Valles, o maior sistema de escoamento de água de Marte – estende-se por três mil quilómetros enquanto perde três quilómetros em altitude. A ideia era assinalar o décimo aniversário da missão Mars Express.
O Centro Aeroespacial Alemão (DLR) é responsável pela operação da câmara de alta resolução e pelo tratamento das imagens, enquanto as animações foram criadas pela equipa do grupo de Deteção Remota e Ciências Planetárias da Universidade Livre de Berlim. Gerhard Neukum (1944 – 2014), que liderou este grupo e foi diretor do Instituto de Investigação Planetária do DLR, esteve envolvido missão Mars Express desde a sua conceção.