destaque

Quem foi ao Dragão, no sábado, e ao primeiro falhanço de Vincent Aboubakar, lembrou-se imediatamente de Jackson Martínez, e de como o cafetero, de frente para a baliza, não assistia um colega vindo de trás, como Aboubakar o fez, mas rematava, logo dali, para o golo. Mas Aboubakar estava lá para fazer esquecê-lo: bisou no encontro, mas podia ter aumentado o placar com uns quantos golos mais, deixou Dani Osvaldo sentado no banco e encheu o relvado com as suas botas perfumadas de África. E não só pelos golos que fez, mas, sobretudo, por trazer ao de cima uma faceta que era desconhecida da última época: a de recuar no terreno, de recuperar bolas, de criar jogadas de ataque, de tabelar e se desmarcar em velocidade, e, até, imagine-se, de fintar um, dois defesas. Nem Jackson faria melhor.

Outro destaque é, naturalmente, a primeira vitória de Rui Vitória desde que chegou ao banco do Benfica. A pré-temporada foi longe de casa, nas Américas, o Benfica trouxe uma pipa de massa, mas trouxe, também, um saco cheio de empates e derrotas. Quando foi a doer, no Algarve, também perdeu, e logo contra o Sporting de Jorge Jesus. E o jogo com o Estoril, apesar do que o resultado volumoso e sem resposta, possa dar a entender, não foi pêra doce. O Estoril de Fabiano Freitas, aguerrido, a pressionar em cima da defesa contrária, sem medo de ter a bola e de se chegar à frente com ela, fez, ao intervalo, temer o pior, e o “enguiço” de Rui Vitória estava para durar. O Benfica foi para o intervalo com as orelhas a arder, os adeptos que encheram a Luz não gostavam da exibição e apuparam os jogadores. Mas o Benfica voltou diferente do intervalo, com mais vontade de vencer, o Estoril quebrou fisicamente, e o grego Mitroglou abriu uma contagem que Jonas, a bisar, e o estreante Semedo, trataram de fechar em 4-0. Acabou-se a história de Rui Vitória não vencer.

Os estreantes na Liga (no caso do União da Madeira é um regresso, 20 ano depois) fizeram pela vida na primeira jornada. O Tondela perdeu com o Sporting, mas a vitória dos leões, apesar de justa, foi tirada a ferros, com uma grande penalidade convertida já no tempo de compensação por Adrien Silva, e o Tondela quase estragou a estreia de quem se costuma estrear mal: Jorge Jesus. Os tondelenses jogaram no Estádio Municipal de Aveiro, em casa emprestada, e por lá vão continuar até que terminem as obras no Estádio João Cardoso. O estádio teve uma maré verde de adeptos, como Jesus pediu, e o empolgamento pela vitória na Supertaça subiu do Algarve até Aveiro. Mas o Tondela, com o experiente Bruno Nascimento, imperial na defesa, com Luís Alberto mandão no meio-campo, e, na frente, com Jhon Murillo, jovem venezuelano emprestado pelo Benfica, a fazer-se de velocista, conseguiu, pelo menos, fazer o Sporting suar. E muito.

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O União da Madeira, por sua vez, venceu no dérbi madeirense, ao Marítimo, bem mais experimentado nestas andanças da Liga, por 2-1. Em 10 encontros contra o Marítimo na primeira divisão, nunca o União tinha vencido: cinco derrotas e cinco empates. À 11.ª foi de vez, Luís Norton de Matos matou um borrego e começou a liga a vencer.

desilusão

A época não começou bem para o Vitória de Guimarães. O Vitória está fora da Liga Europa — ou melhor, nem chegou à fase de grupos –, e viu-se eliminado, somando por derrotas os dois jogos da terceira pré-eliminatória da prova, contra uns austríacos de nome impronunciável — daqueles em que se carrega o “rrrrr” no final — e quase desconhecido entre nós: Altach. O treinador do Vitória, Armando Evangelista, ainda mal aqueceu o lugar (que era de Rui Vitória) e os adeptos vitorianos já querem correr com ele de lá para fora. A derrota no Dragão foi só uma acha mais na fogueira que vai “chamuscando” Evangelista em Guimarães. O Vitória, que, apesar das ausências de Licá e Otávio, emprestados pelo Porto, e, por isso, impedidos de defrontar a casa-mãe, apresentou-se no relvado com muitos dos titulares da última temporada. O problema é que nunca conseguiu parar o carrossel do Porto: pressionava mal, pressionava tarde, via-a, à bola, circular só com os olhos, e não criou uma clara ocasião de golo que assustasse Iker Casillas. O melhor do Vitória de Guimarães foi Alex, mas os seus remates foram sempre defendidos, com serenidade, pelo portero espanhol, que mal teve que sujar os calções.

frase

«É importante para a Seleção haver muito jogadores portugueses na Liga.» A declaração é breve, de Fernando Santos, o selecionador nacional de futebol, que esteve, este domingo, a assistir ao jogo do Benfica contra o Estoril, no Estádio da Luz. Dali, da Luz, Fernando Santos, atento, deve ter ficado impressionado com a exibição de Nélson Semedo, o menino que saltou do Benfica “B” para o lugar que era de Maxi Pereira — Semedo não é o uruguaio que “fugiu” para o Dragão, mas, em “pulmão”, a subir e a descer no relvado, não lhe fica em nada atrás. Do lado do Estoril, apesar da goleada sofrida, o jogo foi de pressão intensa, de bola no pé, e, nesse capítulo, da pressão e do passe, destacou-se Afonso Taira, filho de José Taira, ex-futebolista do Belenenses, e que foi formado no Sporting.

O Futebol Clube do Porto, no jogo contra o Vitória de Guimarães, foi, este fim-de-semana, o clube que menos portugueses utilizou de início, somente Danilo e Varela, com André André a entrar já no segundo tempo. Em contraponto, o Belenenses de Sá Pinto, que empatou a três com o Rio Ave, começou o jogo com 11 portugueses no onze. Outros três entraram no segundo tempo, e os que não entraram, espante-se!, também eram portugueses. Ao todo, nesta jornada, jogaram 103 futebolistas portugueses, muitos deles jovens, o que, para Fernando Santos, é matéria-prima de sobra. Vão todos ser internacionais? Não, certamente que não. Mas Santos já provou que não teme apostar em jogadores de equipas que não os “grandes”, e exemplo disso são as internacionalizações de André André e Danilo, hoje no Porto, mas que se fizeram internacionais “A” ainda no Vitória de Guimarães e no Marítimo, respetivamente.

resultados

Tondela 1-2 Sporting

Belenenses 3-3 Rio Ave

FC Porto 3-0 V. Guimarães

V. Setúbal 2-2 Boavista

U. Madeira 2-1 Marítimo

Moreirense 0-2 Arouca

SC Braga 2-1 Nacional

Benfica 4-0 Estoril

* O jogo Paços Ferreira-Académica (20h) apenas se realiza esta segunda-feira.