Fernando Negrão, pelo PSD, diz estar “estupefacto” com a proposta que Ascenso Simões fez sobre a forma de eleição do Presidente da República e pergunta se isto quer dizer que o PS está disponível para rever a Constituição. O candidato socialista por Vila Real defendeu que se deveria acabar com a eleição direta do Presidente da República e que, em vez disso, este passasse a ser eleito por um colégio de representantes. A ideia foi lançada a título pessoal, mas o social-democrata acredita que pode não ser o único a pensar assim no Largo do Rato.

O PS, neste caso Ascenso Simões, que deixou há uma semana de ser diretor de campanha de António Costa, “chega com uma proposta, de uma forma superficial, que visa alterar a organização da estrutura do Estado e a ideia com que se fica é que é feita para resolver o problema que o PS tem com os seus candidatos”, diz Fernando Negrão ao Observador.

Os sociais-democratas aproveitam assim a divisão que reina no PS relativamente às eleições presidenciais, numa altura de plena campanha para as legislativas. Perante esta proposta de Ascenso, que obrigaria a uma revisão constitucional, Fernando Negrão quer saber o que pensa o secretário-geral do partido: “Seria importante ouvir António Costa”.

Mas e se a proposta fosse mesmo uma ideia socialista, o PSD alinharia? Negrão diz que uma discussão desse calibre nesta altura seria não só “irresponsável” como “prematura”. “Estamos a seis meses das eleições presidenciais. É irresponsável estar a levantar uma questão dessas”.

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Mesmo que a ideia tivesse pernas para andar, dificilmente seria aprovada antes das próximas eleições presidenciais do início de 2016, uma vez que a Assembleia da República não está em funcionamento. Contudo, Negrão lembra que o PSD sempre esteve disponível para fazer acertos ao Texto Constitucional, mas que não foram feitos por recusa dos socialistas.

“Estou estupefacto com a proposta feita, uma vez que o PS rejeita liminarmente a introdução na Constituição de limites ao défice e à dívida que pode evitar situações de bancarrota como aquela que tivemos em 2011”, e acrescenta que o partido liderado por Passos Coelho até tinha feito propostas de alteração da organização do Estado (sobre eleições legislativas, nomeadamente numero de deputados e sistema de representatividade), mas não sobre a eleição presidencial. “O PSD está disponível para uma revisão constitucional com outras prioridades. Uma das prioridades é inscrever medidas que evitem situações de bancarrota, como a introdução de limites à dívida e ao défice”.

Quanto ao resto: “É prematuro estar a falar nisso. É prematura uma alteração desta natureza”.