O Parlamento alemão aprovou esta manhã o terceiro resgate à Grécia, com Angela Merkel a contar com o apoio dos sociais-democratas, partido que integra a coligação governamental, e dos Verdes, que estão na oposição. 113 deputados votaram contra, e 18 abstiveram-se.

Era um dos últimos obstáculos à aprovação de mais um empréstimo à Grécia, mas uma semana de intensas negociações permitiu à chanceler alemã e ao seu ministro das Finanças conseguirem a aprovação no Parlamento de uma ajuda cada vez mais criticada.

A câmara baixa do Parlamento alemão votou esta manhã e 454 deputados disseram sim a mais ajuda financeira a Atenas, com 113 a votarem contra a 18 a absterem-se.

Angela Merkel acalmou os seus deputados garantindo que o FMI irá contribuir para este novo resgate, apesar da oposição pública do Fundo a mais empréstimos sem um novo alívio de dívida (rejeitado pelos países do euro, em especial pela Alemanha), e Wolfgang Schäuble defendeu que é preciso aproveitar a oportunidade para um novo começo na Grécia, depois de cinco anos de resgates que não conseguiram resolver os problemas de Atenas.

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“Após as experiências dos últimos meses e anos, não há garantias que isto irá resultar e ter dúvidas é sempre aceitável. (…) Mas, considerando que o Parlamento grego já adotou uma grande parte das medidas, seria irresponsável não aproveitar a oportunidade de um novo começo na Grécia”, disse o ministro das Finanças, um dos mais duros opositores das escolhas do novo Governo grego nos últimos meses.

Os opositores deste novo resgate argumentam por sua vez que a Grécia não vai ter sucesso na zona euro e que a Alemanha não vai conseguir manter o euro coeso “à força”. Klaus-Peter Willsch, da CDU de Angela Merkel, um dos opositores de resgates na zona euro, defende mesmo que o euro irá falhar se a Grécia não sair da zona euro, o euro irá falhar.

Mesmo com a oposição interna, a popularidade de Merkel e Schäuble continuam em alta na Alemanha. Segundo uma sondagem realizada para a televisão pública alemã ARD, 70% dos inquiridos acham que Wolfgang Schäuble está a fazer um bom trabalho e 67% pensam o mesmo de Angela Merkel.

Só falta a Holanda

Depois da Alemanha, será a vez do Parlamento holandês discutir o resgate. A questão nem tinha de ser votada no Parlamento, mas o Governo convocou o Parlamento em altura de férias para fazer um debate.

Um resultado já esperado do apoio à Grécia é uma moção de censura, que será movida por Geert Wilders, líder do partido anti-imigração e anti-União Europeia. Mas ainda está por definir qual será a posição pública do Governo e do partido do Governo. Nenhum destes manifestou publicamente apoio ao resgate, um tema muito impopular na Holanda.

A questão é ainda mais delicada porque o parceiro de coligação de Mark Rutte é o partido trabalhista de Jeroen Dijsselbloem, o ministro das Finanças que também é presidente do Eurogrupo, um dos principais negociadores do resgate.

Mecanismo Europeu de Estabilidade à espera

Terminados os procedimentos nacionais, o fundo de resgate da zona euro convocará uma teleconferência com os governadores do MEE, que são os ministros das Finanças da zona euro, para discutir e aprovar o resgate. O contrato legal que estabelece as condições do resgate é assinado com este fundo de resgate, igualmente responsável por arrecadar o dinheiro nos mercados para financiar os 86 mil milhões de euros de empréstimo a Atenas.