A polémica em torno de mais uma ajuda à Grécia continua viva na Alemanha, apesar de o Parlamento alemão ter aprovado o terceiro resgate por uma larga maioria, com o mais vendido dos jornais alemães e chamar “cobarde” à chanceler alemã.

Não é a primeira vez que o Bild se insurge contra o apoio à Grécia e chegou mesmo a fazer uma campanha pelo “não” e a pedir para que a Grécia fosse forçada a abandonar o euro. Desta vez, o jornal alemão decidiu fazer capa acusando a chanceler alemã de ser cobarde. “A performance cobarde de Merkel” pode ler-se na capa do Bild, que acrescenta ainda “86 mil milhões de euros para a Grécia. E a chanceler em silêncio”.

O Bild publicou, ainda, uma foto de duas páginas com os 67 deputados da coligação governamental que votaram contra mais um empréstimo de 86 mil milhões de euros com a legenda: “Eles é que foram os honrados”. O jornal, que vende mais de 2,2 milhões de exemplares por dia, acusa a chanceler de se esquivar à questão mais espinhosa da Europa.

Em causa está, também, o facto de Angela Merkel ter evitado falar aos deputados sobre o resgate no debate desta quarta-feira, deixando para o seu ministro das Finanças, Wolfgang Schäuble, a defesa pública do novo apoio à Grécia, depois de estarem ambos, durante uma semana, a fazer lobby com os deputados do seu partido para evitar uma revolta ainda maior dentro do partido. Algo que acabaram por conseguir alcançar.

Oitenta e três dos 311 deputados que compõem o grupo parlamentar de Angela Merkel não apoiaram o resgate, mesmo depois da intensa pressão da chanceler, enquanto 63 votaram contra e 17 não votaram. Quatro membros dos sociais-democratas, partido que também integra a coligação, votaram contra. Ainda assim, o apoio ao resgate grego passou com 453 votos a favor, 113 contra e 18 abstenções.

Na sequência do apoio do Parlamento alemão, o último entre os parlamentos nacionais a aprovar o resgate, o programa foi assinado e já foram transferidos 13 mil milhões de euros para a Grécia. Destes, 3,2 mil milhões de euros já foram usados para pagar ao BCE uma dívida que vencia hoje.

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