Mais de duas dezenas de trabalhadores dos Empreendimentos Turísticos Montebelo SA (ETMB), do grupo Visabeira, concentraram-se nesta sexta-feira em Viseu e exigiram a reposição de direitos que alegam terem perdido devido à alteração da convenção coletiva.

Os trabalhadores, que estão hoje em greve, concentraram-se à entrada do Montebelo Hotel & Spa e aprovaram uma moção que entregaram à administração, na qual avisam que poderão convocar “novas formas de luta caso a empresa não reveja a sua posição”.

A greve foi convocada pelo Sindicato da Indústria de Hotelaria e Turismo do Centro e abrange os cerca de 130 trabalhadores do Montebelo Hotel & Spa, do Palácio dos Melos e do Hotel Príncipe Perfeito (em Viseu), da Casa da Ínsua (em Penalva do Castelo) e do Aguieira Lake Resort & SPA (em Mortágua).

Em declarações aos jornalistas, o dirigente sindical Afonso Figueiredo considerou que “a adesão está a ser bastante positiva”, situando-se entre os 65 e os 70% no Montebelo Hotel & Spa. Relativamente às restantes unidades, não tinha ainda números precisos.

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“De qualquer forma, não é isso o importante para nós. Há muitos trabalhadores que estão a trabalhar neste momento mas estão solidários. Fizeram parte da convocação desta greve, desta discussão, e é também o desejo deles que isto se resolva no sentido de chegarmos a um entendimento com a empresa”, justificou.

Segundo Afonso Figueiredo, alguns “estão a trabalhar em consequência da atitude que a empresa tomou nos últimos dias”, fazendo “uma abordagem direta aos trabalhadores” para “os questionar se faziam greve ou não, com a intenção clara de os demover”.

“Há trabalhadores que têm receio das represálias que possam efetivamente resultar da adesão à greve. Temos também trabalhadores que estão em greve mas que não estão aqui na concentração porque têm receio de dar a cara”, acrescentou.

Na quarta-feira, em comunicado enviado à agência Lusa, os ETMB esclareceram que “são associados da Associação Portuguesa dos Hotéis de Portugal, aplicando por conseguinte a Convenção Coletiva de Trabalho” que esta celebrou com a Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores de Serviços e que representa “um instrumento de contratação e regulação das relações entre as empresas e os seus trabalhadores no integral cumprimento da legalidade”.

Por isso, no seu entender, “não se encontra qualquer justificação para a convocatória da greve, a não ser a oportunidade decorrente da relevância dos ETMB e do calendário eleitoral que se avizinha”.

Afonso Figueiredo explicou que, apesar de a alteração da convenção coletiva ter acontecido em 2012, desde então houve “várias tentativas para que a empresa alterasse esta situação”.

Por outro lado, numa primeira fase, os trabalhadores não tiveram noção das consequências da alteração e “só quando efetivamente sentiram na pele é que viram a necessidade de colocar a questão desta forma e mandataram a comissão sindical para o fazer”, contou.

“Lamentamos que a empresa tenha feito essa associação (às eleições). Não estamos aqui a apelar ao voto, a fazer campanha eleitoral. Colocámos questões objetivas à empresa que, na resposta, não se refere a nenhuma delas, desvia o assunto para questões eleitorais”, acrescentou.

Segundo o sindicato, com a “decisão unilateral de alterar a convenção coletiva”, os trabalhadores tiveram “um prejuízo enorme”, perdendo as diuturnidades, a majoração das férias, o subsídio de alimentação nas férias, o feriado do Carnaval e a possibilidade de progressão automática na carreira, entre outros direitos.