Quinze bandas têm encontro marcado para o Castelo de Leiria na sexta edição do festival Entremuralhas, que entre os dias 27 e 29 apresenta um conjunto de nomes de culto da música alternativa mundial.

Apesar de se intitular “gótico”, o festival destaca-se pela pluralidade artística: o programa inclui da “pop degenerada” dos eslovenos Laibach – a primeira banda estrangeira a atuar na Coreia do Norte, a 19 de agosto deste ano -, ao death metal/drum’n’bass de laivos operáticos dos franceses Igorrr.

“Nunca deixámos de usar o rótulo festival gótico, porque o festival acontece num castelo com arquitetura medieval, de traços góticos. E porque a nossa programação tem referências góticas, claramente”, sublinha um dos elementos da associação Fade In, que organiza o Entremuralhas, Carlos Matos.

Em 2015, o destaque da sexta edição é a presença de várias bandas históricas no circuito da música não comercial.

À cabeça, desde logo, os citados Laibach, com 35 anos de carreira, que integram o catálogo da Mute Records, editora de Nick Cave e dos Depeche Mode. “Também vamos ter And Also The Trees, que têm 36 anos de carreira, a Lene Lovich, que tem 37 anos de carreira e vai pisar o palco com 66 anos, e os Sixth Comm, que têm 29 anos de carreira e que, curiosamente, vão estrear-se em Portugal para o concerto final da sua carreira. É histórico”.

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Há também novos valores que chegam sobretudo da Europa mas, pela primeira vez, o festival terá representantes da Oceânia: os neozelandeses Jordan Reyne e A Dead Forest Index. Ao contrário dos grandes festivais de verão, o Entremuralhas tem lotação limitada a 737 espetadores em cada um dos dias, “muito perto de ficar esgotada”.

Carlos Matos classifica o festival como “único, diferente, com pessoas diferentes”, uma proposta que procura “provocar as pessoas”, com convidados como os Igorrr. “É uma sonoridade é única, é impossível ficar indiferente. Não é um risco, é uma aposta certeira, porque as pessoas gostando ou não, não vão ficar indiferentes”.

Nessa linha de “provocação”, a organização estuda e pondera, numa edição futura, incluir fado na programação. “O fado tem uma costela vincadamente gótica. O povo português emociona-se com o fado, quando o fado canta a tristeza e evoca a saudade; isso são tudo elementos muito apegados ao conceito do gótico. Na brincadeira, costumo dizer que o povo português é gótico, só não tem é consciência disso”.

No primeiro dia do festival, tocam Phanton Vision (Portugal), Tying Tiffany (Itália) e Lene Lovich Band (Inglaterra). O segundo dia é reservado aos concertos de Jordan Reyne (Nova Zelândia), Keluar (Alemanha), Sixth Comm (Inglaterra), Motorama (Rússia), [:SITD:] (Alemanha) e Igorrr (França).

Exposições de fotografia e performances complementam a programação, que, no último dia, apresenta a atração principal da edição deste ano, os eslovenos Laibach. Nesse dia tocam também os A Dead Forest Index (Nova Zelândia), Ash Code (Itália), Art Abscons (Alemanha), And Also The Trees (Inglaterra) e os Agent Side Grinder (Suécia).