A carta arqueológica do Porto Santo foi este sábado apresentada e identifica cerca de 100 lugares de interesse que permitem ver a riqueza e diversidade patrimonial desta ilha, disse o diretor do serviço de museus da Madeira.

“Esta é uma carta arqueológica que permite salvaguardar o património do Porto Santo”, declarou Francisco Clode antes da inauguração da exposição que mostra elementos constantes do levantamento efetuado pelo presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque.

Segundo o responsável, “este é um primeiro momento de divulgação de um trabalho que ocorre desde 2007 e que até 2014 esteve ativo, de identificação de 100 lugares de interesse histórico, cultural e arqueológico da ilha do Porto Santo”.

Francisco Clode destacou que este trabalho está incluído “num projeto maior que é a carta arqueológico do arquipélago da Madeira”, considerando que a mostra hoje apresenta “é um primeiro momento de sensibilização para o interesse do património cultural e que é uma parte substancial da identidade cultural do Porto Santo”.

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O diretor explicou que a exposição apresenta “vários exemplos que têm a ver com as múltiplas formas de expressão dessa identidade, desde elementos da história militar, à arquitetura civil”, passando pela arqueologia industrial e religiosa.

Francisco Clode destacou também a importância de ser efetuada uma carta de arqueologia subaquática da Madeira.

O arqueólogo Daniel Sousa, responsável pela carta arqueológica, acrescentou que este levantamento é mesmo “a próxima prioridade”, realçando que há “dados comprovados que existem para cima de 100 naufrágios na baía do Funchal entre os séculos XV/XVI até ao século XX”.

“É claro que esse património tem de ser explorado” sublinhou, recordando a experiência desenvolvida nos Açores.

Para este arqueólogo, este projeto enquadra-se no “turismo cultural que andamos à procura há algum tempo”, sendo necessário “efetivar esse trabalho” para a Madeira “ter algo para mostrar”, o mesmo acontecendo com a importância do arquipélago no comércio do Atlântico, na passagem das rotas para o Oriente e no abastecimento das praças no norte de África.

A carta arqueológica do Porto Santo é um projeto de trabalho integrado no Programa de Cooperação Transnacional entre os arquipélagos da Madeira, Açores e Canárias (MAC 2007-2013), constituindo um plano pioneiro nesta região autónoma que visa criar normativas para salvaguardar e defender o património arqueológico deste território.

O arqueólogo foi ainda instado a comentar as críticas sobre o aparente abandono das ruínas das muralhas da cidade do Funchal, onde é visível o surgimento de ervas daninhas, Daniel Sousa reconheceu que as autoridades competentes deviam “ter dado mais atenção” àquele núcleo, mas assegurou que o projeto “não está abandonado” e está a ser “estuda uma intervenção” e que haverá notícias em breve.