Luís Marques Mendes acha que a coligação PSD-CDS “não tem razão” quando exige que Paulo Portas participe nos debates para as legislativas “em pé de igualdade com qualquer outro líder”. No seu espaço habitual na SIC, o ex-líder dos sociais-democratas comentou assim a desistência de Pedro Passos Coelho em participar no debate conjunto de 22 de setembro.

“O que está em causa nestas eleições não são tanto os partidos, são as candidaturas. E do lado do centro direita só há uma candidatura”, disse, alertando que o debate pode já não chegar a acontecer. Esta sexta-feira, por exemplo, o PCP remeteu para mais tarde uma posição sobre a questão. Caso não aconteça, o comentador considera que “não se perde muito”.

“Acho que em campanha eleitoral os debates a dois podem ajudar a esclarecer, mas os debates a quatro, cinco ou a seis são uma cacofonia, não servem para nenhum esclarecimento em particular.”

Já sobre os frente-a-frente entre o primeiro-ministro e António Costa, Marques Mendes lamenta que não haja mais do que um, porque “Passos Coelho e Costa são os dois candidatos a primeiro-ministro. É em torno deles que as atenções estão concentradas”. Um debate pode ser, assim, insuficiente para esclarecer os eleitores.

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Mas para o ex-líder do PSD, o “facto mais importante desta semana” foi o anúncio da candidatura de Maria de Belém às eleições presidenciais de 2016. Nos aspetos positivos do anúncio, Marques Mendes destaca “a coragem de agir e a capacidade de decisão”. E os apoios “muito importantes” que recebeu, entre os quais os de Manuel Alegre, Vera Jardim e Marçal Grilo, bem como de alguns reitores de universidades. Para o comentador, falta saber “se esta candidatura de Maria de Belém não tem por trás o dedo de António Guterres, e se não poderá vir a ter no futuro, direta ou indiretamente, o seu apoio”.

Para Marques Mendes, a decisão de Maria de Belém tem dois aspetos negativos. O primeiro é o timing escolhido para o anúncio.

“Não devia ter anunciado a candidatura esta semana porque ofuscou o líder do PS. E porque o anúncio foi feito na segunda-feira, quando António Costa estava na SIC em direto a responder aos telespectadores. Acho que com gafes destas e com amigos destes, António Costa não precisa de inimigos.”

Sobre o anúncio de Jerónimo de Sousa de que o PCP vai ter um candidato às presidenciais, o comentador questiona-se se não existem segundas intenções. “A grande dúvida (…) é saber se esse candidato do PCP vai a votos ou se desiste a favor de outro candidato”, disse, admitindo que o facto de existirem dois candidatos socialistas fortes às presidenciais –  Sampaio da Nóvoa e Maria de Belém – é “a sorte grande do PCP”. Isto porque, com esta situação no PS, “o peso do candidato do partido comunista aumentou”.

“Se o candidato do PCP desistir para apoiar Sampaio da Nóvoa, então Sampaio da Nóvoa pode passar à segunda volta. Se o candidato, ao contrário, for a votos e não desistir, então Sampaio da Nóvoa corre o sério, sério risco de ficar logo à primeira volta e não disputar a reta final das presidenciais. (…) está na corda bamba e quase dependente do apoio do PCP e da desistência do seu candidato para passar à segunda volta”.

Quanto às propostas do PS apresentadas esta semana por António Costa e Mário Centeno, o ex-líder dos sociais-democratas considera que a previsão do secretário-geral do PS de criar 207 mil novos empregos é negativa. “É imitar José Sócrates, com a promessa dos 150 mil postos de trabalho que é uma promessa de má memória. Acho que António Costa nao tem vantagem nenhuma, nenhuma, nenhuma em imitar Sócrates mas sim em descolar-se de Sócrates.

Também não concorda com a “colagem” que António Costa fez a Manuela Ferreira Leite. “É um exercício de taticismo e de oportunismo, porque há uns anos atrás o PS dizia o piorio de Manuela Ferreira Leite quando era ministra das Finanças e, quando foi líder do PSD em 2009, chamaram-he cobras e lagartos.”