O design devia, por definição, solucionar um problema. Facilitar a vida quotidiana. Mas o mundo de Adrian Fisher está ao contrário: ele é o homem por detrás de 700 dos jardins mais confusos e desconcertantes por todo o mundo.

Ao longo de 36 anos de carreira, Adrian Fisher já desenhou alguns dos labirintos verdejantes mais famosos do mundo. Desenhou, na verdadeira asserção da palavra, porque dispensa sempre os computadores quando lhe solicitam mais um trabalho. Prefere o lápis e a folha de papel: “É, de alguma forma, mais vívido, mais dramático do que uma simulação de computador”, conta à BBC.

O percurso de Adrian Fisher começou nas palavras de Robert Runcie, arcebispo Cantuária em 1980: “O caminho para o céu é como um labirinto”. Adrian tinha 30 anos na altura. Escreveu uma peça sobre a história dos jardins em labirinto, que foi publicada no The Times. Depois, Dorothea Elizabeth Irving (atriz britânica) convidou-o a conversar pessoalmente sobre o assunto, já que queria criar um labirinto no seu jardim. Compareceu ao encontro. Estava dado o primeiro passo para entrar no mundo dos labirintos.

A história dos jardins labirínticos já vai longa. Começou por alimentar os terrores gregos, quando havia a crença mitológica de que uma criatura algures entre o homem e o touro habitava um reino em forma de labirinto da ilha de Creta. Mais tarde, as famílias abastadas decidiram adaptar o conceito aos jardins mais requintados, mas com um propósito de serenidade e contemplação. Durante o Renascimento, os labirintos ganharam um cunho religioso: dizia-se que representavam a caminhada de Jesus Cristo até à crucificação.

Hoje, é uma aventura. As criações de Adrian Fisher baseiam-se no surrealismo de Alice no País das Maravilhas, na arquitetura das Pirâmides do Egito e nas fantasias dos seres extraterrestres. Os labirintos são projeções de um imaginário que se tornou mais exigente nos últimos tempos: de acordo com a explicação de Adrian Fisher, as pessoas já não querem uma atração com os pés assentes na terra. Querem conseguir identificar formatos nos jardins. E, por isso, Adrian foi obrigado a adquirir um drone na tentativa de criar jardins em formato de esqueleto, de cabeça de leão, de veado.

Mas se o conceito de um labirinto é a completa desorientação, qual é o interesse de contrariar o instinto da segurança? “Todos gostamos de estar um pouco perdidos. Um labirinto, na minha cabeça, devia ser uma coisa divertida. Idealmente, deve estar-se apropriadamente perdido. Contudo, o caminho deve ser encontrado enquanto a desorientação e a diversão estão lado a lado”, explica Adrien Fisher.

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