O deputado e ex-presidente do CDS-PP José Ribeiro e Castro disse hoje num debate com jovens socialistas ser um defensor do Estado social e apelou ao PS para a necessidade do rigor financeiro.

“O nosso compromisso é claramente com o Estado social e creio que isso é importante quando atravessamos um contexto de exigências financeiras. E se eu tiver sucesso e sorte ainda conseguirei convencer a audiência socialista, não direi da bondade das políticas de austeridade, que também não gosto, mas das políticas de rigor financeiro que são indispensáveis num contexto em que vivemos”, afirmou Ribeiro e Castro.

Falando para dezenas de jovens socialistas na estância balnear de Santa Cruz, no concelho de Torres Vedras, numa sessão sobre o tema “Conhecimento é futuro”, Ribeiro e Castro disse ser um defensor da “preservação do Estado social” nas suas componentes da Segurança Social, no acesso de todos à educação e ao conhecimento.

Ribeiro e Castro falou após a intervenção de Tiago Brandão Rodrigues, investigador científico e cabeça de lista do PS pelo círculo de Viana do Castelo às legislativas de 04 de outubro, o qual considerou que “em Portugal, nestes últimos anos, os investigadores têm uma situação precária e as instituições não lhes podem dar um lugar nas suas estruturas”.

O investigador invocou os anos do ministro socialista Mariano Gago e em que a ciência se desenvolveu em Portugal, mas Ribeiro e Castro considerou na sua intervenção que não seria possível continuar com essas políticas porque “houve um reajustamento necessário”.

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Questionado pelos jovens sobre o seu descontentamento com o CDS-PP, de que vai deixar de ser deputado, Ribeiro e Castro disse que não iria falar das questões internas do partido.

Contudo, adiantou que existe “uma grande decadência no sistema político”, patente, na sua opinião, nesta pré-campanha eleitoral.

“Considero que esta campanha não está à altura das dificuldades que o país tem. (…) Um país que tem as dificuldades, os desafios, as angústias e as incertezas que temos devia estar a discutir os desígnios, os propósitos e não ‘fait-divers’ e não ‘soundbites’. A democracia foi reduzida às vezes a um teatro de fantoches da minha infância e isso é uma paródia, não é uma democracia”, criticou.

Ribeiro e Castro foi o único dos quatro oradores do painel – composto também pela professora catedrática Helena Freitas e cabeça de lista por Coimbra, Tiago Brandão Rodrigues, e o professor catedrático Alexandre Quintanilha, cabeça de lista pelo círculo do Porto – a falar sobre a polémica à volta dos debates televisivos com os candidatos às eleições chegando a sugerir que as universidades de verão dos partidos fossem “a sede dos ansiados debates”.

“Verei com tristeza que esta sessão venha a ser o único debate entre o PS e o CDS daqui até 4 de outubro”, disse.

Alexandre Quintanilha explicou aos jovens socialistas as razões de se candidatar aos 70 anos de idade, dizendo acreditar que há alternativas e que “a austeridade a que o país foi sujeito não conseguiu quase nada do que foi prometido”.

“O défice aumentou, o desemprego continua muito alto, a justiça não melhorou, está cada vez mais confusa, e na área do conhecimento houve a emigração que é cada vez mais qualificada”, disse.

Investigador há 45 anos, admitiu que “abdicou do descanso e sossego para lutar por alternativas”.

“Tenho sido muito crítico com a falta de liderança nesta área [da ciência], gostava de deixar de criticar por fora e começar a trabalhar por dentro”, afirmou Alexandre Quintanilha.

O debate decorreu no âmbito do ‘YES Summer Camp’, um acampamento de jovens socialistas europeus a cuja organização a JS se candidatou, estando reunidos em Santa Cruz cerca de mil jovens.