Preparada para um aumento do número de visitantes, a segunda época balnear da praia urbana do Torel, em Lisboa, que termina, não atingiu as expectativas de afluência, contabilizando-se menos cerca de 20 mil utilizadores que em 2014.

“Este ano tivemos, por um lado ainda bem, um bocadinho menos pessoas. Contabilizámos cerca de 60 mil”, disse à Lusa a coordenadora do pelouro da Cultura da Junta de Freguesia de Santo António, Filipa Veiga, explicando que este ano a praia “já não é novidade” e “não houve as excursões” que se registaram o ano passado.

Em pleno centro de Lisboa, a praia urbana do jardim do Torel foi inaugurada em 2014 numa iniciativa da Junta de Freguesia de Santo António, e nesse ano recebeu mais de 80 mil pessoas.

No arranque da segunda época balnear, que começou a 1 de agosto e termina dia 31 de agosto, o presidente da autarquia, Vasco Morgado, perspetivou que a afluência fosse, “pelo menos, idêntica à do ano passado”.

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Este ano, a praia do Torel teve um reforço das condições balneares com uma máquina de bombagem da piscina maior e com áreas de lazer de maior dimensão, mas as expectativas em termos de afluência de visitantes não se concretizaram.

No último dia da época balnear da única praia urbana lisboeta, nem o tempo “farrusco”, com o sol a não querer abrir, afastou alguns banhistas.

Acompanhada com os dois filhos pequenos de 4 e 9 anos, Alexandra Gondim foi a primeira a pisar a areia e estender a tolha no último dia de praia do Torel, por volta das 10h00, rotina que repetiu “todos os dias” na segunda quinzena de agosto.

“Venho logo de manhãzinha, por causa do mais pequenino, e por volta da hora de almoço vou-me embora”, disse à Lusa, apontando como vantagem desta praia o ser “menos perigosa” que as de mar, e, por outro lado, “não se paga” nada.

A viver a dez minutos do Torel, Pedro Afonso, de 20 anos, despede-se da segunda época balnear acompanhado de três amigos, considerando que existem melhores condições. Desde logo, “a água está mais limpa”.

Pela primeira vez na praia do Torel, Bruno Santos, de 19 anos, seguiu a sugestão do amigo Pedro Afonso de visitar o espaço balnear urbano, reconhecendo que, apesar de não ser uma praia ‘normal’, “é bom, é uma piscina, para refrescar, para estar a conviver, por isso é suficiente” e pensa mesmo em voltar para o próximo ano.

“Ouvi no telejornal como é que era a praia e o meu tio já tinha ido e explicou-me, então gostei e pedi ao meu pai para vir cá”, contou a pequena Fabiana Silva, de 10 anos, para quem este é o primeiro e último dia de praia na segunda época balnear no Torel.

Desde o início que Igor Nunes é nadador salvador na praia urbana de Lisboa, onde a época balnear tem corrido bem, apesar de alguns incidentes ocasionais, mas sem gravidade.

Segundo o nadador salvador, o perfil das pessoas que frequentam a praia do Torel são sobretudo jovens entre os 12 e os 18 anos e muitas famílias com crianças e bebés.

“Tem mais afluência nos fins de semana. Sobretudo se estiver calor, a praia fica sobrelotada. No entanto, durante a semana é supercalma”, explicou Igor Nunes, que considerou ser fácil manter a segurança numa praia onde a bandeira está sempre verde.

Na praia do Torel não faltaram as bolas de Berlim, assim como gelados, escalada, aulas de ‘fitness’ e zumba, empréstimo de livros e cinema.

Em relação ao impacto deste espaço nos comerciantes da zona, a coordenadora do pelouro da Cultura da Junta de Freguesia de Santo António, Filipa Veiga, disse que se sente algum movimento, “nem que seja pelos comerciantes a dizer que há muito mais gente a subir e a descer a rua do Telhal”, perto do jardim do Torel.

Para Filipa Veiga, não é uma desilusão terem-se registando menos visitantes na praia, explicando que, apesar de que em 2014 ter havido “muita gente”, existiram alguns erros que se tentaram colmatar nesta segunda época balnear.

“O ano passado ultrapassou, tivemos muita gente fora do bairro, este ano não. Este ano foi realmente muita gente aqui de Santo António”, referiu.

A Junta de Freguesia de Santo António investiu à volta de 10 mil euros na organização desta edição da praia do Torel, contando com apoios de patrocinadores, sendo que cerca de 10% desse investimento é assegurado pelo orçamento da Cultura da Junta, afirmou Filipa Veiga, explicando que a Junta podia orçamentar o projeto todo.

A iniciativa é para repetir nos próximos anos, mesmo que não haja patrocinadores, disse o presidente da Junta de Freguesia de Santo António, Vasco Morgado, no início desta segunda época balnear.