A Associação Nacional das Organizações de Produtores da Pesca de Cerco vai ser recebida esta quarta-feira em audiência pela ministra da Agricultura e Pescas, Assunção Cristas, para discutir as possibilidades de pesca da sardinha para 2016.

A associação defende que a captura de sardinha em 2016 deve aumentar para 16.900 toneladas caso se confirme uma maior biomassa daquele peixe disponível. Tal representaria um aumento em 30% face à limitação definida para 2015.

De acordo com um comunicado emitido na segunda-feira, a associação alerta, contudo, para o “facto de esta nova limitação ser de complexa gestão”, porque confia num “aumento substancial da biomassa da sardinha disponível”. A associação refere também que “é necessário prosseguir com uma gestão equilibrada e inteligente do recurso da sardinha, e que se deve assumir em 2016 uma posição que mantenha a precaução e a prudência em relação ao nível que se poderá capturar”. Contudo considera, em contradição com as recomendações dos organismos científicos, que o montante da quota “vá ao encontro das nossas legítimas aspirações de poder aumentar ligeiramente as possibilidades de captura em 2016”. O “ligeiramente” são mais 30% face a 2015.

Estas serão algumas das propostas hoje apresentadas, pelas 15h30, no encontro com a ministra da tutela. As organizações de produtores querem ver esclarecidas “todas as dúvidas relativamente ao futuro desta pescaria, designadamente, no que às possibilidades de pesca para 2016 diz respeito”.

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Os armadores e tripulantes vão receber compensações financeiras pela interdição da pesca de sardinha, que no caso dos pescadores pode ir até 27 euros por dia, segundo a portaria publicada em Diário da República.

Em julho, o parecer do Conselho Internacional para a Exploração dos Mares (ICES, na sigla inglesa) recomendou que os totais admissíveis de capturas (TAC) da sardinha em águas ibéricas se devem limitar a 1.587 toneladas em 2016. Este valor é cerca de um décimo do permitido este ano, já considerado insuficiente pelos pescadores.

Apesar das críticas das associações do setor e dos autarcas, a ministra da Agricultura, Assunção Cristas, disse no sábado que estava fora de hipótese estender o tempo de captura ou aumentar a quota da sardinha, sob pena de no futuro ser imposta uma quota para a sardinha ainda mais penalizadora.

Na quinta-feira, a Plataforma de Organizações Não-Governamentais para a Pesca defendeu que as quotas de sardinha não devem ser aumentadas, considerando que deve haver um reforço na investigação e que os pareceres científicos existentes devem ser respeitados.