O ser humano produz, consome e deita fora. E as aves é que sofrem com a poluição. O plástico não dá descanso às gaivotas, aos albatrozes ou às andorinhas-do-mar e de acordo com um estudo divulgado na segunda-feira, em 2050, quase todas as aves marinhas (99%) vão ter resíduos de plástico no aparelho digestivo.
Os investigadores do Australia’s Commonwealth Scientific and Industrial Research Organisation concluíram que neste momento, cerca de 90% das aves já contêm este tipo de resíduos nas entranhas, ao contrário da percentagem estimada em estudos anteriores – 29%. O estudo baseou-se em dados recolhidos entre 1962 e 2012.
Ao Quartz, o autor do estudo referiu que tinha consciência de que em aves como os albatrozes existia uma percentagem elevada de ingestão de plástico. Aquilo que o surpreendeu neste estudo foi a proporção – em parte relacionada com a produção mundial de plástico, que duplicou em 11 anos.
“Isso significa que entre hoje e 2026 vamos produzir tanto plástico como aquele que já produzimos desde que ele existe [a produção industrial de plástico começou na década de 1950]”, disse Chris Wilcox. Ou seja, vai haver cada vez mais espécies expostas ao plástico na sua dieta, o que não é bom para o ecossistema oceânico.
O autor do estudo explicou que as aves marinhas são um bom indicador do estado do ambiente, porque voam em distâncias longas, são relativamente sensíveis às mudanças ambientais e estão no topo da cadeia alimentar marinha. “Qualquer tipo de poluente ou distúrbio é ampliado na cadeia alimentar”, diz Chris Wilcox.
Denise Hardesty, uma da investigadoras do estudo, disse ao The New York Times que, ao contrário do que se poderia pensar, o maior problema não reside nos pontos que acumulam mais resíduos, mas naqueles onde vivem mais espécies diferentes, sobretudo na zona do hemisfério sul, perto da Austrália e da Nova Zelândia. Já a Europa e a América do Norte estão numa situação melhor, disse.
A investigadora explica que as aves confundem os pedaços de plástico com ovos de peixes e que já encontrou de tudo nos animais que estudou, de isqueiros a brinquedos.