A Câmara de Pedrógão Grande aprovou uma moção contra a falta de médico no centro de saúde, informou hoje esta autarquia do norte do distrito de Leiria, que alerta para eventuais “atos extremados da população” face a esta situação.

Na moção, subscrita por todo o executivo, lê-se que cerca de 45% da população do concelho recebe prestações da Segurança Social por invalidez, velhice ou sobrevivência, sublinha-se que “número médio de dias de subsídio de desemprego é de 205”, apontando-se igualmente os índices de envelhecimento e de dependência de idosos.

Segundo o documento, “a quase totalidade da população” tem, “muitas vezes, absoluta impossibilidade de se deslocar ao equipamento médico mais próximo, que fica a 20 quilómetros”.

Referindo os “esforços para resolver o já insustentável problema da ausência de médicos” por parte do presidente da autarquia, Valdemar Alves, a moção lembra que o município disponibilizou residência para o médico” prometido, mas que até ao momento “não se apresentou ao concelho”.

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Em agosto, adianta a moção, o centro de saúde esteve sem médico durante três semanas e, agora, “também só existe um médico a tempo parcial e sujeito à disponibilidade profissional”.

Advertindo que “a crescente insustentabilidade perante a incapacidade de resolução do problema aproximam o executivo municipal do ponto em que as ações e as tentativas de diálogo deixam de fazer sentido”, o documento alerta, também, que na população cresce “cada vez mais a intolerância perante ausências de resposta”.

No documento, a câmara garante que “continuará a preservar a escuta ativa e o diálogo” com as instituições, mas “não condenará atos extremados da população” que sente não ter Serviço Nacional de Saúde.

“Os pedroguenses estão cada vez mais cansados de esperar por soluções”, assim como o executivo municipal, adianta a moção, informando ter sido constituído um movimento de protesto contra a falta de médicos no concelho que tem na sua agenda “o corte discricionário de acessos viários” que quer cumprir brevemente.

O executivo faz saber que “compreende o porquê desta disposição e aceita, na devida medida, o valor de tal tomada de posição”.

Em fevereiro, circulou em Pedrógão Grande um abaixo-assinado, que recolheu cerca de 700 assinaturas, do movimento dos “Indignados com o estado da saúde em Pedrógão Grande”, nomeadamente “com a ausência de cobertura médica no centro de saúde” local.

“O concelho de Pedrógão Grande será talvez o único no país, em que a sede do concelho não tem assegurado o funcionamento normal do centro de saúde”, lia-se no documento.

Três meses depois, o presidente da autarquia revelou que o concelho iria receber um médico de nacionalidade cubana, cabendo ao município assegurar as despesas de alojamento do clínico.

Em julho, no decurso de uma visita do primeiro-ministro a Pedrógão Grande, Valdemar Alves pediu a Passos Coelho mais um médico para o concelho.