O primeiro-ministro australiano, Tony Abbott, defendeu esta sexta-feira a eficácia da sua política de imigração, que inclui a devolução de barcos aos seus pontos de embarque, numa altura em que a Europa enfrenta uma crise de refugiados.

Abbott disse que imagens como a do menino Aylan Kurdi, que morreu afogado e foi encontrado numa praia na Turquia, são “muito tristes e comovedoras”, mas demonstram a necessidade de reforçar as fronteiras. “Se queremos parar as mortes, se queremos parar os afogamentos, temos de travar os barcos [com refugiados]”, disse Abbott à emissora ABC. “Enquanto as pessoas acharem que podem vir e ficar aqui (…) teremos tragédias no mar”, acrescentou.

“Felizmente temos conseguido parar isto na Austrália porque travámos os barcos ilegais, dissemos aos traficantes ‘o vosso negócio está fechado’”, concluiu. A defesa de Abbott coincidiu com as críticas do diário The New York Times que, num editorial, qualifica a política de imigração australiana como “desumana, de duvidosa legalidade e diretamente contrária à tradição do país de acolher as pessoas que fogem da perseguição e da guerra”.

O diário também criticou a política australiana de reter os requerentes de asilo em centros de detenção em países terceiros, contra os quais abundam denúncias de abusos sofridos pelos migrantes.

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Ao jornal junta-se uma carta aberta de vários intelectuais, entre eles a canadiana Naomi Klein e o anglo-paquistanês Tariq Ali, em que apelam à Europa para que não imite a política “cruel” australiana. “As práticas cruéis da Austrália perante os imigrantes são inaceitáveis e não devem ser exportadas para a Europa, onde agravariam a intolerável crise moral”, lê-se na carta aberta.

A Austrália recuperou em 2012 uma política para transferir os requerentes de asilo que tentem chegar ao país por mar para centros de detenção na Papua Nova Guiné e Nauru, apesar das críticas da ONU e de organizações humanitárias.

O Governo de Abbott endureceu as medidas contra a imigração ilegal, incluindo operações da Marinha para intercetar e fazer regressar os barcos em alto mar, que tentem chegar de forma clandestina à Austrália. Muitos destes imigrantes fogem de conflitos como os do Afeganistão, Darfur, Paquistão, Somália e Síria, e também da perseguição e discriminação na Birmânia ou Bangladesh.