A reforma é fonte de saúde, segundo um novo estudo alemão. Na Alemanha, as pessoas reformadas usam o seu tempo livre para se tornarem mais saudáveis ao dormirem mais, dedicarem-se ao exercício físico e livrarem-se do stress relacionado com o trabalho.

A investigação foi desenvolvida pelo economista Peter Eibich da Universidade de Oxford com o objetivo de compreender o efeito da reforma na saúde. O investigador analisou dados de reformados alemães de 1994 a 2014  e descobriu que os idosos que não trabalham tendem a ir menos vezes ao médico e a dedicar mais tempo a atividades que apreciam como jardinagem e cuidar dos netos.

Em declarações ao Guardian, Eibich diz: “O meu estudo mostra que os idosos usam o tempo livre para seguir um estilo de vida ativo.” As conclusões desmentem a ideia convencional que a reforma é a primeira etapa na degeneração da saúde das pessoas mais velhas e que estas devem continuar empregadas enquanto podem.

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Segundo os dados analisados, após a reforma a probabilidade dos idosos fumarem diminui 6% e o hábito de exercício físico regular aumenta 11%. A eliminação do stress derivado do trabalho também influencia o tempo de sono dos idosos que passam, em média, a dormir mais 40 minutos por noite.

Para o investigador, os resultados mostram que “incentivar a criação de trabalho em part-time e as reformas poderá ser benéfico para manter a saúde dos trabalhadores mais velhos que ainda não chegara à idade da reforma.” 

O sistema de reforma parcial é popular na Alemanha

A reforma parcial é comum na Alemanha. O sistema permite a criação de um acordo em que um empregado a aproximar-se da idade de reforma continua a trabalhar com uma carga de trabalho reduzida para facilitar a transição. A prática está em vigor desde 1996, altura em que o governo alemão substitui a reforma antecipada pela parcial.

Este sistema é apontado como um dos fatores pelos quais a esperança de vida na Alemanha subiu 1,7 nos homens e 2,3 nas mulheres desde 1996 e apresenta uma boa esperança média de vida saudável. O índice HLE (Healthy Life Expectancy) considera que uma condição “saudável” é definida pela ausência de limitações ou deficiências que impeçam uma vida normal. Portugal fica abaixo da média europeia neste índice particular.

Note-se que em Portugal a coligação PSD/CDS está a propor um regime de reforma a tempo parcial, de modo a estimular o envelhecimento ativo e atenuar o impacto da entrada na reforma

Porém, a grande conclusão do estudo de Eibich parece ser que parar de trabalhar com a reforma não é sinónimo de começar a morrer. O investigador alemão acredita que os seus resultados serão importantes para mudar a forma como as pessoas vêem a reforma na Alemanha e no resto do mundo.