Joaquin Guzmán Loera. Escrito assim, como o nome e todos os apelidos, poderá não dizer muito. Se à mistura juntarmos a alcunha que, em castelhano, significa “O Baixote”, a história é outra. Porque El Chapo, além de ser um criminoso, uma das pessoas mais ricas do mundo e líder de um dos dois maiores cartéis de droga do México, é também o homem que, em julho, conseguiu fugir pela segunda vez de uma prisão de alta segurança — até construiu um túnel com 1,5 quilómetros de extensão para o fazer. Desde aí que anda à solta, a ser procurado por tudo quanto é polícia e, agora, parece que já se sabe por onde ele poderá andar. A culpa é quase toda do filho.

Foi o filho, de seu nome Alfredo Guzmán, quem, a 31 de agosto, resolveu utilizar o Twitter para publicar uma fotografia com algumas edições. Na imagem vê-se o jovem, sentado à beira do que parece ser uma mesa de café, ladeado por duas pessoas, cujas caras estão tapadas por ícones gigantes. Na que está à sua direita, contudo, deixou a descoberto o bigode e as suspeitas não tardaram a aparecer. Primeiro, porque o pai, El Chapo, também o tem e, segundo, porque na legenda da fotografia lê-se: “Aguioto aqui ya saben con quien apatoroo”, ou em português, “Aqui estou bem, já sabem com quem”.

https://twitter.com/AlfreditoGuzma/status/638380579205939200

Alfredo Guzmán, por distração ou propositadamente, ainda deu a conhecer onde estava quando captou a fotografia (ou a publicou na rede social). Estava na Costa Rica e as autoridades só não têm a certeza se era, de facto, o país com esse nome, ou a cidade mexicana, situada na região de Sinaloa — de onde El Chapo é natural. “Temos noção da imagem que foi divulgada, mas acreditamos que a Costa Rica de que eles falam não é o nosso país. É uma cidade no México”, defendeu, aliás, Marco Monge, um porta-voz do Departamento de Investigação da Justiça costa-riquenha, citado pela CNN. E mais não se sabe.

O problema é que tudo isto pode, e não pode, ter sido um descuido. As próprias autoridades sabem-no, já que El Chapo leva mais de três décadas a operar na rede de tráfico de droga no México e apenas foi detido duas vezes, em 1993 e 2014. Phil Jordan, homem que passou 30 anos a trabalhar para a DEA (Drug Enforcement Administration), entidade norte-americana que combate os crimes relacionados com droga, acha que o filho do barão da droga publicou a fotografia intencionalmente. “El Chapo é um dos traficantes mais inteligentes. Isto pode ser tudo uma manobra de diversão”, suspeitou.

Certo é que as buscas ainda prosseguem e, mesmo com a publicação desta fotografia, não é público que as autoridades estejam sequer perto de descobrirem o paradeiro de Joaquin Guzmán. O mexicano, nascido a 1954 ou 1957, não se sabe ao certo, começou a trabalhar no narcotráfico com Miguel Angel Felix Gallardo, que hoje está a cumprir uma pena de 40 anos de prisão. Em 1980, El Chapo criou o Sinaloa, cartel de droga que controla a maioria do narcotráfico no México e as rotas de abastecimento para os EUA. Em 1993 foi detido na Guatemala e passou os oito anos seguintes na prisão até conseguir escapar, em 2001 — a justiça mexicana concluiu que até o diretor do estabelecimento prisional ajudara na sua fuga. Em 2014 voltou a ser capturado e, em julho de 2015, voltou a escapar.

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