Esta é, seguramente, uma das redes subterrâneas mais misteriosas de Inglaterra. Foi construída no início do Século XIX por um comerciante de tabaco inglês, Joseph Williamson, e as dúvidas permanecem sobre o porquê da sua construção. Mais: ainda não se sabe sequer quantos túneis existem ao certo.

As teorias para a construção deste sistema são muitas. Há quem ache que foi construído apenas para dar emprego aos londrinos (o desemprego no País, à data, era elevado), há quem sugira que foi construído para servir de passagem secreta para vários edifícios da região, e há ainda os que sugerem que Williamson pretendia servir-se dela para fazer negócios obscuros.

Mas a teoria mais forte é a de Dave Bridson e dos seus colegas, que há muito se interessaram pelos túneis. Bridson, que trabalha num grupo de voluntários, tem-se dedicado de há quinze anos para cá a escavar a rede subterrânea. À BBC afirma acreditar que os túneis foram construídos para a extracção de pedra, que por sua vez seria usada por Williamson como material de construção. Para tal, baseia-se nas marcas no arenito existente, que acredita indiciarem a existência de pedreiras.

A ideia, segundo Bridson, seria construir propriedades no topo da superfície, algo que, a confirmar-se, o colocaria como um dos homens mais inovadores de Liverpool no seu tempo.

Certo é, porém, que ainda não existem documentos que atestem a veracidade da teoria – e, duzentos anos depois da sua construção, a probabilidade de se encontrar um registo que justifique a construção não é muito alta. O próprio desejo de o encontrar também é discutível – como afirma Tom Stapledon, outro voluntário que se dedica às escavações dos túneis de Williamson — o facto de a construção permanecer um mistério é um dos motivos para que as escavações continuem.

Os túneis mantiveram-se ao abandono até ao final do Século XX. O cheiro que provinha dos túneis incomodou a população local e levou às primeiras investigações sobre a misteriosa rede. Veio-se mais tarde a descobrir que a rede, repleta de lixo doméstico e dejectos humanos, havia sido utilizada durante muito tempo como um aterro subterrâneo.

Ao longo dos anos, a equipa de voluntários foi inventariando o que encontrava nas escavações. Até ao momento encontrou objectos tão curiosos como diversas garrafas cheias dos mais diferentes líquidos – desde cerveja a veneno -, frascos de doce e cachimbos de barro, entre outras peças de grande valor histórico, como uma tapeçaria que aborda dois séculos da História social da cidade.

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