O nome clínico é cinetose, mas é mais conhecido como enjoo de movimento e pressupõe náuseas, com ou sem vómitos, quando anda de carro, barco, avião ou até de comboio. Basicamente, é o mal-estar que sente quando quer ir até às Berlengas e acaba por nem conseguir apreciar a paisagem.

Ao longo dos anos foram várias as pessoas que sofreram com esta doença e falaram sobre isso. Exemplos famosos: o médico e filósofo grego Hipócrates, até hoje chamado de “pai da medicina”, que escreveu sobre “distúrbios de movimento”, ou Charles Darwin, que sofreu horrores quando viajou de barco de Plymouth até a Madeira, em 1931, e escreveu no seu diário que sentia enjoos várias vezes ao dia e mal conseguia conceber um estado mais miserável do que aquele.

Tantos anos depois, a triste realidade é que ainda não existe cura. No entanto, de acordo com novos estudos, e como conta a Bustle, os dias de tonturas, enjoos e camadas de suor provocados pelo enjoo de movimento têm os dias contados. Ou melhor, os anos — os cientistas dizem que estão no caminho certo para chegar à cura… daqui a uma década.

Um estudo levado a cabo pela Imperial College of London concluiu que quando ligeiros choques elétricos são aplicados em certas partes do cérebro, é possível previnir todos os sintomas de uma só vez. A eletricidade serve para reduzir os sinais confusos que chegam à parte do cérebro responsável por processar informação sensorial, levando a que os enjoos nunca aconteçam.

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Os participantes que usaram elétrodos na cabeça durante dez minutos antes de se sentarem numa cadeira que simulava o movimento de um barco, não se sentiram tão enjoados e ainda recuperaram mais facilmente do que os participantes que não receberam choques elétricos.

Mas como vai esse tratamento ser aplicado às pessoas? É nisto que os cientistas vão demorar dez anos. Qadeer Arshad, responsável pelo estudo, acredita que a cura possa ser idêntica à máquina TENS — um pequeno dispositivo portátil, a pilhas, que é usado sobre o corpo, dando pequenos choques elétricos. Na verdade, o sonho de Arshad é que a cura chegue através do telemóvel, onde só seria preciso colocar os auscultadores. “Em qualquer caso, a pessoa poderá conectar temporariamente pequenos elétrodos ao couro cabeludo antes de viajar”, disse o médico ao Science Daily.

Pelo sim pelo não, e como ainda não há certezas de quando a cura estará disponível, o melhor é ir às Berlengas num dia em que esteja bandeira verde e o mar sem qualquer ondulação.