Esgotaram em março os bilhetes na ordem dos 500 euros para o evento que, de terça-feira a sábado, promete transformar Troia na Hollywood portuguesa e onde empresas mundiais de animação, cinema e jogos, como a Disney, virão recrutar colaboradores.

Em entrevista à agência Lusa, o criador do projeto, André Lourenço, descreve o ‘Trojan Horse Was a Unicorn’ – THU, que vai na terceira edição – como “o melhor evento do mundo” na indústria de jogos, animação, 3D e cinema, adiantando estar confirmada a presença em Troia de 900 participantes de 50 nacionalidades que irão ter acesso a “60 dos melhores artistas e criativos mundiais” através de ‘workshops’, palestras, demonstrações ao vivo e ‘art battles’.

“É um dos mais importantes eventos do mundo de arte para a indústria de entretenimento digital”, sustentou, salientando que a relevância da iniciativa motivou um investimento de 100 mil euros, este ano, numa emissão televisiva ‘online’ – a THU TV – que conta com inscrições para transmissão vindas de 52 países.

O evento prevê ainda a realização de sessões de recrutamento por parte de quase duas dezenas de empresas mundiais do setor, com destaque para a Walt Disney Animation Studios e Blizzard (a maior empresa de videojogos do mundo), mas onde figuram também nomes como a Juice, Riot Games, Platige, innoGames, Wogga, Method Studios e Framestore.

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Naquela que constitui a estreia da Disney em sessões de recrutamento em Portugal, André Lourenço diz não haver “números definidos” quanto ao número de profissionais a contratar, já que se trata de verdadeiras sessões de “caça talentos”: “Podem contratar uma pessoa, 10 ou nenhuma”, disse.

O que garante é que as empresas participantes são “‘top’”, sendo que “nenhuma fatura menos de seis/sete milhões e, a maioria, fatura acima dos 15/20 milhões”.

Há três anos a transformar Tróia no “palco principal de uma indústria de biliões de dólares”, o Trojan Horse Was a Unicorn está com lotação esgotada desde março (rondando o preço médio dos bilhetes os 420 euros), sendo que os ‘special tickets’ esgotaram em 30 minutos, os ‘early tickets’ em nove horas e em lista de espera estão cerca de 200 pessoas.

“Somos o evento desta indústria que esgotou mais rápido de sempre a nível mundial. Em Portugal isto não tem visibilidade nenhuma, mas no mercado internacional é um dos eventos mais respeitados no setor”, afirmou o promotor, para quem o evento – cujo embaixador é o milionário de Hollywood e produtor do filme Titanic, Scott Ross – é atualmente “o mais internacional em Portugal”.

A prová-lo, avança, está a meia centena de nacionalidades representadas e a enorme procura de ‘virtual tickets’ por parte de origens são diversas como a Austrália ou a China.

“Só mesmo os portugueses é que não se ligam ao evento. Nem artistas, nem, incrivelmente, escolas, não tivemos nenhum contato oficial de qualquer escola ou empresa exceto a Católica do Porto”, lamenta André Lourenço, que diz não passar dos 20% a participação nacional no THU e ter apenas vendido pouco mais de uma dezena de ‘virtual tickets’ para Portugal.

Já a nível da cobertura mediática do evento, para além das publicações especializadas da indústria, a organização tem confirmada a presença de uma quinzena de jornalistas de ‘media’ internacionais, entre os quais o jornal The Guardian, a revista Cinefex, o Hollywood Reporter, a Monocle e o New York Times.

Já de Portugal… “zero”, afirma.

Isto apesar de, segundo André Lourenço, existirem no país “já muitas empresas no ramo” das artes digitais, com o Norte a crescer particularmente.

“Não têm é dimensão, porque em Portugal não há indústria, o que há é muitas microempresas”, refere.

Depois de, na edição do ano passado, terem marcado presença no THU nomes como Andrew Jones (vencedor do Óscar para Efeitos Visuais com o filme Avatar e responsável pelos efeitos visuais de Titanic), Syd Mead (criador do universo de ficção de Blade Runner) e Sven Martin (responsável pelos efeitos visuais da série Game of Thrones), a organização destaca a presença na edição de 2015 do autor do filme de animação Frozen, Paul Briggs.

Para André Lourenço, o THU é um palco privilegiado não só para apresentar os maiores talentos internacionais de grandes produtoras do mundo da animação, jogos e cinema, mas também para “mostrar as potencialidades de Portugal” aos protagonistas mais importantes desta indústria.

“Temos muito talento em Portugal, mas ninguém nos respeita porque as pessoas não nos conhecem e não confiam”, afirma, assegurando que há atualmente “centenas de portugueses ‘top’ a trabalharem nas maiores empresas do mundo” nesta área que, “se voltassem e tivessem condições no país”, o colocariam entre os melhores do mundo na indústria – “muito bem paga” – das artes criativas.