O antigo líder do Bloco de Esquerda (BE) Francisco Louçã disse hoje que o primeiro-ministro se meteu numa “alhada monumental” ao propor uma subscrição pública para ajudar os lesados do papel comercial do Grupo Espírito Santo (GES).

Em declarações à Lusa durante uma ação do BE na sede do Novo Banco no Porto, Francisco Louçã elogiou as reações da porta-voz do BE, Catarina Martins, do secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, e do dirigente socialista, António Costa, uma vez que “o direito à justiça não depende das circunstâncias económicas das pessoas”.

“O que é inédito é haver um primeiro-ministro a propor-se organizar um peditório. Suponho que na próxima semana lhe perguntaremos quanto é que foi o resultado do peditório até agora, qual é que foi o contributo dele, o que é que pensa fazer para divulgar o peditório, porque o primeiro-ministro meteu-se numa alhada monumental porque não tinha pensado que alguém lhe perguntaria o noves-fora-zero”, disse Francisco Louçã.

Pedro Passos Coelho assegurou, no sábado, que está disponível para organizar uma subscrição pública para auxiliar os lesados do papel comercial do GES sem recursos económicos para recorrerem aos tribunais.

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O antigo dirigente do BE realçou, no entanto, que “o grande problema é um problema de comportamento do regulador e das instituições”, apoiando a posição da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) no processo.

“Quem foi enganado para fazer um depósito e o depósito foi aplicado no jogo financeiro – e fraudulento – tem todo o direito de considerar que a instituição que o recebeu e aconselhou é inteiramente responsável. Não é o banco mau que é o responsável, o responsável é o Novo Banco e as instituições que o tutelam”, declarou Francisco Louçã.

Sobre a questão da venda do Novo Banco, Louçã disse que “todo o processo de gestão do Novo Banco ao longo deste ano tem revelado um amadorismo, uma impreparação e uma ligeireza por parte do regulador e do próprio banco” que o surpreendeu.

“Com o Governo a tomar posições que são uma fraude pública ao garantir que não há perdas, mais tarde a admitir que podem vir perdas por via da Caixa Geral de Depósitos, mais de 700 milhões de euros aos preços mais razoáveis dos que foram apresentados – e nunca houve um acordo com esses preços – o Governo tenta jogar eleitoralmente o nevoeiro sobre esta questão”, referiu Francisco Louçã.

De acordo com o antigo deputado, “na verdade, há imensos prejuízos, porque há a perda direta da Caixa Geral de Depósitos, há a perda futura de impostos que é a mais importante de todas, todos os bancos que forem chamados a pagar o défice do fundo de resolução vão repercutir essa diferença como prejuízos e como prejuízos vão abater nos seus resultados e nos seus impostos. Isto é um mais um igual a dois”.