O presidente do Governo da Madeira, Miguel Albuquerque, disse hoje, no Funchal, que os quatro arquipélagos da Macaronésia vão assumir em breve uma “grande importância” ao nível do intercâmbio comercial na bacia do Atlântico.

“Estamos num interface entre a Europa, África, América do Sul e América do Norte e tudo indica que o fluxo de intercâmbio entre estes continentes vá aumentar”, afirmou Miguel Albuquerque na abertura do Encontro Internacional da Economia Criativa Lusófona, que decorre no Funchal até 20 de setembro e reúne diversas entidades da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

O presidente do governo madeirense destacou que os arquipélagos da Macaronésia (Madeira, Cabo Verde, Açores e Canárias) dispõem das infraestruturas adequadas para lidar com a nova realidade, lembrando, por exemplo, que o Registo Internacional de Navios da Madeira teve um crescimento nos últimos vinte meses de 350% em termos de tonelagem e 100% em número de embarcações.

Neste primeiro dia do Encontro de Economia Criativa, foi apresentado o livro “Cabo Verde: Gestão das Impossibilidades”, da autoria do primeiro-ministro daquele país, José Maria Neves, que se encontra na Madeira.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Livro é o percurso de Cabo Verde, que era considerado um país impossível em 1975, quando ascendeu à independência. Um pequeno arquipélago, sem recursos naturais, seco, em processo de desertificação, um dos mais carentes do mundo em água”, explicou o governante, realçando que todos consideravam ser “um país improvável”.

José Maria Neves sublinhou que, quarenta anos depois, Cabo Verde é um país possível. “Vencemos a seca, vencemos a fome e já não somos os ‘flagelados do vento leste’ como dizia o poeta. Hoje somos uma nação possível e estamos a construir novas possibilidades”, vincou.

Luís Amado, ex-ministro português dos Negócios Estrangeiros, que fez a apresentação do livro, destacou a importância da Madeira e de Cabo Verde ao nível da economia atlântica.

Tal como o presidente do governo regional, Luís Amado considera que o sistema atlântico vai assumir, neste século, grande importância, tendo em conta que é um “mar de paz”, quando comparado com o Mediterrâneo, o Pacífico e o Índico.

“Do ponto de vista estratégico, acho esta iniciativa [o Encontro Internacional da Economia Criativa Lusófona] muito interessante e importante para os interesses a prazo da Madeira e Cabo Verde”, afirmou.