A ONU, a União Africana (UA) e a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) exigiram hoje a libertação imediata do Presidente interino do Burkina Faso e do primeiro-ministro feitos reféns por militares em Ouagadougou.
“A UA, a CEDEAO e a ONU exigem a libertação imediata e incondicional dos reféns”, referem, em comunicado conjunto, as três organizações internacionais.
No comunicado, as três organizações salientam que os autores daquele ato “inaceitável” vão ser responsabilizados por qualquer violação à integridade física do Presidente e do primeiro-ministro, bem como de outros titulares feitos reféns.
Na declaração, as três organizações “condenam a flagrante violação da Constituição e da Carta de Transição” e exigem que as forças de defesa e segurança se submetam à autoridade política e no atual contexto às autoridades de transição.
“Reafirmamos a nossa determinação em apoiar as autoridades a fazer todos os esforços para assegurar a conclusão com êxito da transição política no Burkina Faso”, acrescentam na declaração.
Hoje à tarde, elementos do Regimento de Segurança Presidencial, a guarda pretoriana do ex-Presidente Blaise Compaoré, derrubado em outubro de 2014 após 27 anos no poder, invadiram o palácio presidencial e fizeram reféns o chefe de Estado interino, Michel Kafando, e o primeiro-ministro, Isaac Zida, e pelo menos dois ministros.
Segundo o jornalista Haru Mutasa, da Al Jazeera, “Ainda não é claro se estes guardas pretendem ascender ao poder, ou apenas estabilizar e proteger a sua posição”. Isto porque o golpe surgiu apenas dois dias após uma comissão do governo interino do Burkina Faso ter sugerido o desmantelamento do Regimento.
O reported.ly relata que a maioria das estações de rádio foram silenciadas e que se instalou a confusão nas ruas, com os comerciantes a encerrar os estabelecimentos e os populares a protestar contra as recentes detenções.
Protests gather at Place de la Nation in Ouagadougo just after Burkina Faso interim officials were detained (Getty) pic.twitter.com/84LxP0oOCG
— reported.ly (@reportedly) 16 setembro 2015
A Al Jaazera acrescenta ainda que os soldados do Regimento de Segurança Presidencial dispararam tiros para dispersar os populares, que protestavam contra o rumo dos acontecimentos junto ao palácio presidencial.
O ex-presidente do Burkina Faso, Blaise Compaoré, foi obrigado a demitir-se e abandonar o país em Novembro de 2014, depois de uma onda de protestos. Estes protestos surgiram após Compaoré tentar uma revisão constitucional, que lhe permitiria candidatar-se pela quinta vez às eleições presidenciais.
As eleições, que estão previstas para o próximo dia 11 de Outubro, acabarão com o período de transição, iniciado após a demissão de Compaoré.