Recolher e analisar informações do Instagram, cruzar dados de sites como o Booking, TripAdvisor e Twitter ou monitorizar a forma como as pessoas usam outras apps do smartphone. Dito por outras palavras, trazer “o turista para dentro da discussão”, como explicou Anabela Possidónio, diretora executiva do The Lisbon MBA, ao Observador. Esta sexta-feira, são conhecidos os três projetos finalistas do Tourism Innovation Competition, concurso mundial lançado pelo The Lisbon MBA e pelo Turismo de Portugal. E na final, fala-se em português.
João Ladeira é engenheiro informático e Sílvia Silva estuda Medicina. Portugueses, concorreram à competição que pretende distinguir soluções para medir o comportamento dos turistas, com uma ferramenta que permite analisar e cruzar dados do Booking, do TripAdvisor e do Twitter através de um algoritmo de análise de sentimento. Mais: permite apurar a nacionalidade e os padrões de consumo dos turistas.
A ideia surgiu da constatação de que o turismo está a crescer cada vez mais e a questão que se impõe é: como é que podemos tirar o maior partido disto e que tipo de informação conseguimos recolher para ajudar a gerir o turismo? O que nos inspirou foi a ideia de que aquilo que não se consegue medir, também não se consegue gerir”, explicou Anabela Possidónio ao Observador.
A solução de João e de Sílvia tem por base o coração e é uma das finalistas do Tourism Innovation Competition. Há mais duas: aquela que é apresentada por Fabiana Baumann, uma profissional de Marketing e Comunicação com nacionalidade portuguesa e suíça, juntamente com Rui Chagas, engenheiro de telecomunicações; e aquela que é apresentada pelas israelitas Liora Goldman e Ilya Stolov, a AppsMapper.
Se, por um lado, Fabiana e Rui propõem a criação de uma app que recolhe e estuda, de forma simples, a informação das fotos publicadas no Instagram, como hora de publicação, localização, gostos, comentários, entre outros dados, por outro, a app de Liora e Ilya permite fazer um tracking anónimo da atividade móvel dos turistas e perceber quais as apps mais populares, que locais são mais apelativos para os turistas, entre outros.
O objetivo é que os dados recolhidos por cada uma das soluções possam ser trabalhados e utilizados por organizações ligadas ao turismo. O vencedor recebe um prémio de 10.000 euros ou uma bolsa para o The Lisbon MBA (o MBA é lecionado em conjunto pela Nova School of Business and Economics e a Católica-Lisbon) no valor de 18 mil euros. Os outros dois finalistas recebem dois mil euros cada.
Existe uma quantidade enorme de informação produzida pelas pessoas que estão a viver as experiências. E até que ponto podemos utilizar essa informação para medir o turismo?”, questiona Anabela Possidónio.
O Tourism Innovation Competition teve 59 candidaturas de 22 países, como Alemanha, Brasil, Vietname, Suíça ou China. A ideia era recolher talento de todas as partes do globo e os projetos superaram as expectativas, segundo Anabela Possidónio.
Temos que perceber melhor o comportamento dos turistas, quer no planeamento das viagens, quer no destino. E tentar adaptar a oferta do Turismo a esse comportamento. É preciso perceber melhor o que as pessoas querem e trazer o consumidor para dentro da discussão”, disse Anabela Possidónio.
Utilizar o turista para desenvolver uma oferta mais de acordo com aquilo que são as suas preferências. Porquê? Porque o comportamento dos turistas nas redes sociais “é muito imediatista”. “Quando estou a ‘postar’ algo no momento é sobre o que estou a sentir nesse momento. É preciso capitalizar essa informação e envolver o turista”, explicou a diretora do The Lisbon MBA.
E esta sexta-feira, who’s going to win?
O evento vai decorrer na Fundação Calouste Gulbenkian e conta com um painel de discussão sobre o papel do digital no desenvolvimento turístico e como a indústria se deve adaptar a essa mudança. No painel, vai estar presente Asaf Zamir, o mais jovem vice-presidente da Câmara de Tel Aviv, em Israel; Nils Fonstad, perito do MIT em liderança digital; Marco Gouveia, gestor de marketing online do Grupo Pestana e Cesar Christoforidis, vice-presidente da Socialbakers para a América Latina e Europa do Sul.
